Os tigres de Amartya Sen

O Prêmio Nobel Amartya Sen (em Desenvolvimento Como Liberdade; São Paulo: Companhia das Letras, 2000. p. 173-187) conta que no Sunderban ("bela floresta"), na orla do Golfo de Bengala, convivem ferozes tigres reais de Bengala, operosas abelhas e homens pobres. Os tigres - ameaçados de extinção - são protegidos por lei e não podem ser caçados, as abelhas produzem um mel muito apreciado e caro (cinqüenta dólares o frasco), os homens coletam o mel e, ao fazê-lo, são caçados pelos tigres (cinqüenta coletores mortos por ano).
Com essa história ele ilustra o que seria para alguns - intelectuais e governantes, inclusive - um dilema que opõe necessidades econômicas contra liberdades políticas. Com sólidos e convincentes argumentos, baseados em fatos e dados, ele desmonta teses em contrário e demonstra a importância da democracia, a preeminência das liberdades políticas e da democracia, as relações entre democracia e crescimento econômico, a importância instrumental da liberdade política, o papel construtivo da liberdade política, a práxis democrática, o papel da oposição e - isso mesmo - que os pobres importam-se com democracia e direitos políticos, sim senhor.
E assim conclui que desenvolver e fortalecer um sistema democrático é um componente essencial do processo de desenvolvimento, explicitando as três virtudes das quais derivam a importância contemporânea da democracia: sua importância intrínseca, suas contribuições instrumentais e seu papel construtivo na criação de valores e normas. E seu valor universal, completaria Carlos Nelson Coutinho.
Em um país onde crianças tapam buracos de rodovias - e arriscam a vida - por uns trocados, em um Estado onde homens são submetidos a trabalho forçado - trabalham para se escravizar, diria Euclides da Cunha outra vez, um século depois - e em uma cidade onde homens, mulheres e crianças são tangidos das calçadas para a rua - correndo risco de atropelamento - aprender com Amartya Sen seria uma boa forma de começar bem o ano. E o governo também.

Comentários

Anônimo disse…
Caro Alencar,

Parabéns pela bela e salutar iniciativa. Que venham inundar a internet tuas idéias e análises, estimulando o senso crítico daqueles que navegam pelas águas (nem sempre claras e límpidas) da blogsfera.
Sucesso e vida longa a teu blog.

Abraços,

Aldenor Jr.
Anônimo disse…
Bem vindo, Alencar! Um abraço fraterno cheio de saudades.
Anônimo disse…
Parabéns Dr. Alencar pela iniciativa de criar seu próprio blog.

da minha insignificância entendo que os blogs são hoje em dia os canais mais democráticos de discussão dos problemas regionais e nacionais.

vida longa ao seu blog.
JOSE MARIA disse…
Obrigado pela acolhida, amiga e amigos. Aguardo - e agradeço - suas contribuições.
clicluizlima disse…
Belém do Pará,12 de janeiro de 2007

Prezado J.M.Q.de ALENCAR:

Neste dia que Belém faz 391 anos de idade,conheci e faço uma visita em teu blog, e saio satisfeito. És realmente uma renovação no Judiciário paraense,assim como o amigo Luiz Otávio Bandeira, e outros que no momento deixo de citar,sem me esquecer deles... Podes crer,que vez por outra voltarei a visitá-lo.
E, no momento,aproveito para divulgar meu blog, o TROPICALEIDOSCÓPIO, com nove contos,alguns nacionalmente premiados,pois é um blog literário,e que brevemente terá um
site para debates cosmológicos...Por enquanto,apenas divulga meu primeiro livro on-line,
o "Contos Belenenses-Estórias de Desamor".
Cordiais saudações democráticas e literárias: Luiz Lima Barreiros
www.clicluizlima.blogspot.com
JOSE MARIA disse…
Meu caro Lima Barreiros.

Obrigado pela leitura e pelos comentários.

Teu blog está na minha lista de favoritos.

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