Primeiro de Maio de 2011
Sinceramente, não pensei que fosse viver o bastante pra ver - e ler - um editorial do Estadão desancando as centrais sindicais brasileiras porque transformaram o Primeiro de Maio em uma festança movida a prêmios (de carros) e shows de artistas, tudo pago - segundo essa fonte - por recursos públicos (contribuição sindical e patrocínios de empresas estatais) e privados (patrocínios de empresas privadas).
A eventização do Primeiro de Maio não é mais novidade. Dez anos atrás um dos próceres - ou, como quer Elio Gaspari, baronete - do movimento sindical, Paulinho (da Força Sindical) fez, pela Folha de São Paulo, a defesa dessa prática, nos seguintes termos:
A eventização do Primeiro de Maio não é mais novidade. Dez anos atrás um dos próceres - ou, como quer Elio Gaspari, baronete - do movimento sindical, Paulinho (da Força Sindical) fez, pela Folha de São Paulo, a defesa dessa prática, nos seguintes termos:
Embora alguns nos critiquem por distribuir prêmios e oferecer ao povo um grande show com artistas famosos, é esse o principal objetivo do evento: refletir sobre as condições de vida e trabalho dos cidadãos. Sabemos que a maior parte das pessoas que se dirigirão à praça Campo de Bagatelle lá irá para ver seus artistas e concorrer aos prêmios. Não vemos problema nisso (...) Ninguém suporta só ouvir discursos. O sorteio de bens é uma atividade lúdica defensável. Numa democracia incipiente, em que as pessoas comuns fogem do debate político (mesmo votando irrefletidamente em candidatos inadequados), é forma válida para atraí-las. No meio da festa, elas ouvem discursos e podem refletir sobre seu conteúdo.
Dez anos passados, a eventização já foi objeto de estudos acadêmicos - veja um deles aqui - e Paulinho não precisa mais defendê-la, passando ao largo do tema no seu artigo publicado na Folha de São Paulo de hoje.
Vai ver que é a tal da modernidade líquida (Zygmunt Bauman) chegando ao movimento sindical.
Comentários