Hora do Povo

O jornal Hora do Povo, quem diria, chegou aos 22 anos. Está no número 2.954, nessa conta incluídos os apreendidos nos tempos heróicos. Ele sobreviveu. Outros contemporâneos ilustres não sobreviveram: Pasquim, Movimento, Voz da Unidade, Em Tempo, Coojornal, Resistência e por aí.
É uma façanha e tanto.
O preço de capa é 80 centavos, mas o exemplar que tenho em mãos estava disponível na portaria do Hotel Nacional, aqui em Brasília.
A diagramação e o jeitão do Hora do Povo impresso é uma verdadeira volta ao passado.
No expediente nada há que remeta para o velho MR8 - para a garotada da geração Playstation, essa é a sigla do Movimento Revolucionário 8 de Outubro, data da morte de Che Guevara -  pois dele consta apenas que o jornal é uma publicação do  Instituto Brasileiro de Comunicação Social.
O jornal continua sendo impresso em São Paulo e tem sucursais no Rio de Janeiro, aqui em Brasília, em Belo Horizonte, Salvador, Recife e..... Belém! Isso mesmo. O Hora do Povo tem uma sucursal em Belém, na Passagem Ana Deusa, 140, no Curió-Utinga. O telefone que consta do expediente está desatualizado, mas é o (91) 3229-9823. O jornal tem correspondentes em Fortaleza, Natal, Campo Grande, Rio Branco, João Pessoa, Cuiabá, Porto Alegre, Florianópolis e Curitiba.
As páginas inteiras de publicidade da Central Geral dos Trabalhadores - CGTB e do Sindicato dos Trabalhadores em Processamento de Dados e Tecnologia da Informação (este filiado daquela) e uma inserção de um quarto de página do Ministério da Saúde não deixam dúvidas de onde vem pelo menos parte da sustentação financeira do jornal.
As matérias não deixam dúvidas sobre a orientação editorial do jornal. Assim, a maior foto da capa é de um encontro dos dirigentes de centrais sindicais - os baronetes do Gaspari -  com o Presidente da Câmara dos Deputados. Na página 3 há uma matéria em que o Senador Roberto Requião diz sofrer bullying nas mãos da mídia irresponsável e logo abaixo outra diz que Jaime Lerner foi condenado a 3 anos e 6 meses de prisão.
O Hora do Povo é um fenômeno. Afinal, ele sobreviveu ao próprio MR8, que ao finalmente sair da clandestinidade - abrigava-se no PMDB quercista - tornou-se, em 21 de abril de 2009, o Partido Pátria Livre - PPL.
O seu antepassado MR8 nasceu da chamada Dissidência Guanabara, do Partidão (PCB). Ao combater a ditadura militar optou pela luta armada. O sequestro do embaixador norte-americano Charles Burke Elbrick em setembro de 1969 foi uma operação conjunta do MR8 com a ALN, outra dissidência do Partidão, liderada por Carlos Marighela (1966).
O MR8 foi a encubadeira de personalidades como Fernando Gabeira, Franklin Martins, Carlos Lamarca,  César Benjamim, Daniel Aarão Reis Filho, Stuart Angel Jones e, aqui no Pará, Arnaldo Jordy, Flávio Nassar, Adelina Braglia, Carlos Sampaio, Ribamar (Ribinha) e tantos outros que ainda hoje tem militância política e social.
Vida longa ao Hora do Povo.
= = = =
Post scriptum



Flávio Sidrim Nassar disse...

Não se pode esquecer do João Batista, do Gabriel Pimenta que pagaram com sangue suas ousadias.

Comentários

Não se pode esquecer do João Batista, do Gabriel Pimenta que pagaram com sangue suas ousadias.

Postagens mais visitadas