Pólo Industrial de Manaus: Virtudes e Riscos
Assisti ontem uma exposição do Coordenador-Geral de Estudos Econômicos e Empresariais da Superintendência da Zona Franca de Manaus, José Alberto Costa Machado, economista que, para variar, é paraense e tem doutorado pela Universidade Federal do Pará - UFPA.
Discorreu sobre as virtudes do modelo - ou experimento, como ele prefere - apresentando dados estatísticos favorabilíssimos, inclusive uma conhecida relação positiva - e não prevista pelos formuladores originários - entre ele e a taxa de desmatamento do Amazonas, que é mesmo baixíssima, em comparação com as do Pará e do Mato Grosso. Pretendeu com isso desfazer dados sempre desfavoráveis que são divulgados na grande mídia do Sul-maravilha. Conseguiu, em parte, mas foi para um auditório restrito - de juízes do trabalho - e sem capacidade alguma de formar opinião no volume necessário para contra-arrestar a maré montante.
Para quem é do ramo ou se interessa pelo tema, tem uma maçaroca de informações no sítio da SUFRAMA. Espero que a apresentação dele - bem mais amigável - fique disponível no sítio da ANAMATRA ou do CONAMAT.
Esclareceu que a zona franca acabou - com a abertura do mercado interno - e o que vingou mesmo da proposta original foi apenas o Polo Industrial de Manaus, conhecido pela sigla PIM, que vive de renúncia fiscal. A perna agropecuária da Zona Franca de Manaus nunca foi o forte mesmo e, na vera, inexiste. E a manutenção formal da zona franca atrapalha negociações internacionais, esclareceu, sugerindo que está na hora de fazer uma revisão conceitual (o que presumo nunca vai ser feita, porque haveria risco de reversão total).
No final, respondendo a perguntas que lhe fizeram - eu inclusive, porque estava mesmo curioso para saber o que seria de Manaus e do Amazonas sem o PIM - disse três coisinhas básicas e importantes:
1°) Para cada um real de renúncia fiscal o Polo Industrial de Manaus produz dois reais de tributos;
2°) Apesar de tantas virtudes, o experimento não é irreversível, antes pelo contrário, está sob permanente ameaça; e
3°) O sucesso econômico do Polo não se espraia e não repercute positivamente no Índice de Desenvolvimento Humano - IDH de Manaus e do Amazonas porque faltam políticas públicas complementares voltadas especificamente para esse fim.
Conclusão minha: se não for encontrado um caminho sustentável para o Polo Industrial de Manaus, que inclua necessariamente as tais políticas complementares que assegurem a irreversibilidade e a melhoria dos indicadores sociais, vai dar o que você está pensando.
Até lá, os 1,8 milhão de habitantes de Manaos caminharão no fio da navalha e viverão o eterno sobressalto do fim do Polo Industrial de Manaus.
Boa sorte, conterrâneos.
Discorreu sobre as virtudes do modelo - ou experimento, como ele prefere - apresentando dados estatísticos favorabilíssimos, inclusive uma conhecida relação positiva - e não prevista pelos formuladores originários - entre ele e a taxa de desmatamento do Amazonas, que é mesmo baixíssima, em comparação com as do Pará e do Mato Grosso. Pretendeu com isso desfazer dados sempre desfavoráveis que são divulgados na grande mídia do Sul-maravilha. Conseguiu, em parte, mas foi para um auditório restrito - de juízes do trabalho - e sem capacidade alguma de formar opinião no volume necessário para contra-arrestar a maré montante.
Para quem é do ramo ou se interessa pelo tema, tem uma maçaroca de informações no sítio da SUFRAMA. Espero que a apresentação dele - bem mais amigável - fique disponível no sítio da ANAMATRA ou do CONAMAT.
Esclareceu que a zona franca acabou - com a abertura do mercado interno - e o que vingou mesmo da proposta original foi apenas o Polo Industrial de Manaus, conhecido pela sigla PIM, que vive de renúncia fiscal. A perna agropecuária da Zona Franca de Manaus nunca foi o forte mesmo e, na vera, inexiste. E a manutenção formal da zona franca atrapalha negociações internacionais, esclareceu, sugerindo que está na hora de fazer uma revisão conceitual (o que presumo nunca vai ser feita, porque haveria risco de reversão total).
No final, respondendo a perguntas que lhe fizeram - eu inclusive, porque estava mesmo curioso para saber o que seria de Manaus e do Amazonas sem o PIM - disse três coisinhas básicas e importantes:
1°) Para cada um real de renúncia fiscal o Polo Industrial de Manaus produz dois reais de tributos;
2°) Apesar de tantas virtudes, o experimento não é irreversível, antes pelo contrário, está sob permanente ameaça; e
3°) O sucesso econômico do Polo não se espraia e não repercute positivamente no Índice de Desenvolvimento Humano - IDH de Manaus e do Amazonas porque faltam políticas públicas complementares voltadas especificamente para esse fim.
Conclusão minha: se não for encontrado um caminho sustentável para o Polo Industrial de Manaus, que inclua necessariamente as tais políticas complementares que assegurem a irreversibilidade e a melhoria dos indicadores sociais, vai dar o que você está pensando.
Até lá, os 1,8 milhão de habitantes de Manaos caminharão no fio da navalha e viverão o eterno sobressalto do fim do Polo Industrial de Manaus.
Boa sorte, conterrâneos.
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