A Morte de Tenorinho

Mais um comunista da velha guarda se vai.
Agora foi Tenorinho, uma legenda do comunismo e do sindicalismo.
O texto abaixo é de Francisco Inácio de Almeida, do PPS.

Morre Luiz Tenório de Lima

Morre Luiz Tenório de Lima
Por Francisco Inácio de Almeida, no Portal do PPS

Faleceu no último sábado, dia 23, aos 87 anos de idade, o ex-vereador e ex-líder sindical Luiz Tenório de Lima, o Tenorinho, cujo corpo foi velado na Câmara Municipal até às 15 horas de hoje, domingo, sendo enterrado às 16 horas, no Cemitério da Vila Mariana. Ao seu velório e enterro compareceram dezenas de lideranças políticas, sindicais, amigos e companheiros que com ele conviveram no antigo Partidão, muitos hoje no PPS. Deixou viúva a russa Liudmila, e órfãos, os dois filhos do casal.

Pernambucano de Palmares, município localizado na Zona da Mata, Tenorinho foi personagem importante da vida brasileira. Começou a trabalhar como assalariado na Usina Santa Terezinha, produtora de açúcar e álcool, aos 17 anos, aí ficando até 1944, tornando-se competente técnico de usinas de cana. Em seguida, foi contratado, junto com engenheiros, para trabalhar na montagem da primeira destilaria de álcool de Sergipe. Ali acompanhava pelo rádio e pelos jornais o desenrolar da II Guerra Mundial e se tornou um apaixonado pela União Soviética. Nessa usina também assistiu à primeira greve de trabalhadores de sua vida e soube da existência do Partido Comunista. Comprou e leu com entusiasmo O Cavaleiro da Esperança, de Jorge Amado, e foi ganho pela trajetória gloriosa de Luiz Carlos Prestes e do seu partido.

De Sergipe, voltou a Pernambuco e dali foi para São Paulo e de lá para Minas Gerais, indo trabalhar numa destilaria do Vale do Jequitinhonha. Ao ir em definitivo para São Paulo, foi contratado numa destilaria de álcool da família Matarazzo e retomou sua atividade sindical, sendo eleito tesoureiro do Sindicato dos Trabalhadores da Alimentação e Destilados e delegado junto ao Pacto de Unidade Sindical criado no estado, do qual em seguida se tornou um dos seus principais líderes. Em 1953, ele foi um dos responsáveis pela deflagração da chamada Greve dos 700 mil trabalhadores.

No início dos anos 1960, Tenorinho foi eleito presidente do Sindicato de Laticínios e, logo depois, da Federação dos Trabalhadores da Indústria de Alimentação do Estado de São Paulo; diretor da CNTI – Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria; um dos fundadores e um dos primeiros diretores do DIEESE. Em 1962, no V Congresso do Partido Comunista Brasileiro, foi eleito para o seu Comitê Central. Com o golpe de 1° de abril de 1964, foi destituído de todos os seus cargos sindicais e teve cassados seus direitos políticos por dez anos.

Após alguns anos militando na clandestinidade, deixou o Brasil no fim dos anos 1960 e exilou-se em Praga, passando a atuar junto à Federação Sindical Mundial para quem cumpriu missões em países de vários continentes. Indo para Moscou, a partir de lá e em contato com seus companheiros de Paris e Bruxelas, passou a editar o jornal Correio Sindical de Unidade.

Em fins de 1979, juntamente com Gregório Bezerra, Hércules Corrêa dos Reis e Lyndolpho Sylva, retornou ao Brasil, sendo recepcionado por uma verdadeira multidão no aeroporto do Rio. Fixando residência em São Paulo, passou a editar, a partir do ano seguinte, o Correio Sindical de Unidade, que teve vida efêmera, idéia que ele reproduziu sob a forma de um programa de rádio, de muita audiência, nos anos 2000. Submetido ao voto popular, Tenorinho conquistou cadeira na Câmara Municipal de São Paulo, no pleito de 1984, cumprindo o mandato em estreita ligação com os sindicatos e movimentos de bairros.

A direção nacional do PPS lamenta a perda deste combativo companheiro, transmite à família enlutada seus mais sentidos pêsames e deseja muita paz e muita força para que enfrente sua ausência.

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