O Descanso de Bené Monteiro

Ainda não refeito da má notícia anterior, sou avisado pela Araceli que Bené Monteiro também descansou. Em paz, como viveu.
Fui apresentado ao Bené por Lana, que era minha professora de Língua Portuguesa e Comunicação, na UFPA, lá pelo finalzinho dos anos setenta do Século passado.
Ele ainda não estava anistiado. Estava saindo o VerdeVagomundo (o livro). Simpatizei com o caboclo - como ele gostava de ser - imediatamente. A direita estudantil - havia isso - torceu o nariz para a iniciativa da Lana.
Daí por diante caminhamos mais ou menos próximos um do outro, na luta pela Anistia, pela Constituinte, pelas Eleições Diretas, pela legalização dos partidos clandestinos. Depois que ele readquiriu seus direitos políticos, estivemos juntos no imenso guarda-chuva que era o PMDB, de onde ele saiu para unir-se a Brizola e refundar o PTB (capturado por Ivete Vargas) e, depois, o PDT.
A ele o Pará deve, além da contribuição literária importantíssima - inclusive na área jurídica, com um livro de direito agrário, sua especialidade - a criação da Procuradoria Geral do Estado e da Defensoria Pública, que graças a ele nasceram siamesas no primeiro governo de Jáder Barbalho, em 1983. Por incrível que hoje possa parecer, até então a defesa judiciária do Estado do Pará era feita pelo Ministério Público. A assistência judiciária aos pobres também.
Nos jornais de hoje notas registram a gratidão desses dois órgãos ao Bené. Merecida gratidão.
Descansa em paz, Bené.

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