Um Novo Pacal. Metropolitano (2).

Terminando o nariz de cera iniciado no outro post sobre o Pacal, que os comentários do Lafayette completaram e atualizaram, relembro três figuras emblemáticas dessa ressurreição dos anos oitenta.
Um era um jovem economista carioca, que havia participado da implantação do projeto nos anos setenta. Ele já estava no bem-bom no Rio de Janeiro, quando foi alcançado por um convite para voltar e ressuscitar o Pacal. Largou tudo e veio. Era uma espécie de diretor administrativo e financeiro. Veio porque foi convidado por outra figura emblemática, que havia também participado da implantação, estava no bem-bom em Brasília, e também largou tudo para ressuscitar o Pacal (esse era uma espécie de diretor industrial). Outra figura emblemática era o mais velho de todos, que chegara para implantar e simplesmente ficara no Pacal, esperando pela ressurreição que chegava assim sem mais nem menos. Esse sabia tudo de cana e de cacau. E tinha em casa um montão de fotos, inclusive muitas daquelas clássicas fotos ao lado de uma imensa árvore em pé e depois ao lado dela abatida por um trator. Nesses três e em todos o entusiasmo pela ressurreição era contagiante. Os fornecedores reativaram as plantações. A usina foi apontada, em um ritmo frenético, febril. Até um projeto de uma mini-hidrelétrica foi reavivado. Mais uma vez deu errado, apesar de todo o estusiasmo de todos. E não tem como dar certo, a começar pela escolha do local da usina, no alto de uma colina, quando a regra é fazer as plantações de cana nas encostas e a usina no vale. O Pacal é talvez o único caso em que os caminhões sobem carregados de cana e descem vazios.
Aqui termina o nariz de cera.
E termina porque meu feeling profissional me diz que pode estar surgindo um novo Pacal, em plena Região Metropolitana de Belém, mais precisamente em Benevides, às proximidades do posto da Polícia Rodoviária Federal. O nome é Nova Amafrutas.
Os paralelos são evidentes. A Amafrutas deu errado com a Ciba-Geigy. Foi ressuscitado com injeção de recursos do Banco da Amazônia e do Governo do Estado do Pará na cooperativa Nova Amafrutas. Coisa de quarenta milhões de reais. Deu errado de novo. As reclamações trabalhistas começaram a chegar. Já são quase trinta, nas Varas do Trabalho de Ananindeua. Em algumas a Nova Amafrutas até que se defendia. Agora em todas as reclamações tem ocorrido revelia, porque os representantes da Nova Amafrutas simplesmente não comparecem as audiências. A condenação é certa ou quase certa. Detalhes podem ser vistos consultando os processos em www.trt8.gov.br. Nessa batida, se houver uma corrida de reclamantes, ela pode ser seguida de revelias, execuções, penhoras e... pedido de mais dinheiro público para ressuscitar a Nova Amafrutas.
Pode ser o início da crônica de uma ressurreição anunciada.

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