Vida Longa Para a SPDDH! (2)
Fui à coleção do RESISTÊNCIA para relembrar os primeiros anos da Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos e seu jornal, da então chamada imprensa alternativa, dita nanica, versão impressa dos sites e blogs atuais.
No primeiro número, que circulou em agosto de 1979, capa vermelhona com um extra no canto superior direito, um cartun do Félix (por onde anda?) e a manchete: BIRA E DARIO ABREM O JOGO. Na última capa Bira desanca Pelé (Pelé é que não sabe votar).
O número 5 EXTRA - o número 5º propriamente dito foi apreendido por ordem do Ministro da Justiça - debate a educação, para anunciar que a crise é da ditadura e não do ensino.
O número 6, queixudo, noticia a apreensão e faz um resumo da edição apreendida, que trazia um artigo de Hecilda Veiga sobre o primeiro aniversário da SPDDH. No expediente uma tarja preta cobria os nomes dos colaboradores e deixava o do editor, Luiz Maklouf Carvalho. O primeiro aniversário é novamente noticiado, agora para narrar um painel sobre Os Direitos Humanos na Amazônia e uma mesa-redonda sobre O Trabalhador e a Democracia, além de um show.
Revendo a coleção aparecem mais nomes que não citei no post anterior. Desse evento participaram Alexandre Cunha (Coordenador), Camilo Vianna, Expedito Arnaud, Graça Figueiredo, Paulo Roberto Ferreira, Jean Hebette e o Padre Bernardo Hoyos. Estiveram lá Raimundo Gomes, o mais antigo sindicalista da construção, ainda forte e sacudido (já tinha seus oitenta anos), João Marques e mais de uma centena de militantes.
O número 9 (fevereiro de 1979) comemora o primeiro aniversário do RESISTÊNCIA. Nele e nos seguintes encontramos mais nomes: Apolonildo Brito, Itair Silva, Deusdedith Brasil, Levy Hall de Moura, Egydio Salles Filho, Luiz Otávio Bandeira, Carlos Augusto da Silva Sampaio.
O número 11 circulou em abril de 1980 e trouxe uma lista facsimilar com os nomes dos agentes do SNI em Belém. Mais nomes: Amarilis Tupiassu, Lúcio Flávio Pinto, Benedito Carvalho, Padre Savino Mombelli, Ademir Andrade, Sandra Leite (irmã de César Leite, estudante morto por um tiro disparado pela arma de um policial federal que caíra ao chão em plena sala de aula da UFPA), Flávio Salles (que voltava do exílio na cidade do Porto), José Basílio Siqueira (o Seu Doza, pai do Dozinha da CUT).
O número 13 (junho de 1980) tem na capa manchete sobre um escândalo. No IPASEP! Mais nomes: João Vital, José Maria Souza, Benedicto Monteiro, Walteir Costa. No miolo anuncia a vitória da Chapa 2 nas eleições do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santarém, com direito a foto de Geraldo Pastana, Ranulfo Peloso, Valdir e Avelino Ganzer.
O número 14 (julho de 1980) foi dedicado à Igreja popular na Amazônia, com João Paulo II na capa.
O número 15 (agosto de 1980) foi uma edição especial, comemorativa do terceiro aniversário da SPDDH, dedicada à terra e à liberdade, com fotos inéditas de Sebastião Curió. E mais nomes: Bira Diniz, Euniciana Peloso (2ª Tesoureira), Felisberto Damasceno, Miguel Chikaoka.
A coleção do RESISTÊNCIA registra uma época e uma fase importante da imprensa e da vida política do país e do Estado. Um ciclo que se completou com a plenitude democrática.
Mas ainda há muito para fazer, seja no tocante aos direitos humanos, seja no tocante à democracia. Essa é a sensação que fica depois de percorrer a coleção do bravo RESISTÊNCIA.
Vida longa para a SPDDH!
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