Aprendendo com os aborígenes franceses

A Companhia Vale do Rio Doce vai investir 3 bilhões de dólares na sua mina de níquel, com a qual pretende abocanhar 3% do mercado mundial desse metal estratégico.
Desse total um terço - isso mesmo, um bilhão de dólares - será gasto com compensações ambientais.
Faz ela muito bem.
Mas isso acontece na Nova Caledônia, possessão francesa onde a Vale tem a mina de Goro. Como lá se aplicam as rigorosas leis francesas de proteção ao meio ambiente e aos trabalhadores, a Vale teve que rezar por essa cartilha.
Os aborígenes também chiaram e conseguiram suas próprias compensações. Talvez consigam até a retirada de 3.000 filipinos contratados para trabalhar na fase de implantação da mina. Foram trazidos ao Brasil pela Vale, para conhecer a experiência dela com nossos índios. Voltaram encantados e divididos. Ponto para a mineradora, que deu-lhes tratamento melhor que a Inco, a proprietária anterior da mina.
Temos alguma coisa para aprender com esses aborígenes franceses. E com os franceses propriamente ditos.
É melhor que façamos logo, antes que apareça uma comichão anexionista.
Já pensou se um estudo de viabilidade econômica encomendado a alguma consultoria idônea concluir que é melhor anexar o Estado do Pará à Guiana Francesa?

Comentários

indiazinhalea disse…
acho que em nenhum lugar dessa imensa Amazônia em que a Vale colocou seus pés, foi pensado qualquer coisa acerca de respeito à legislação ambiental...resolvi postar, porque acabei de me deparar com um relato de uma situação parecida com essa ainda há pouco no meu trabalho: a completa destruição não só ambiental, mas cultural das áreas de entorno do mineroduto bauxita paragominas, o relator contava pra mim a situação desastrosa que viu, depois de três anos sem visitar a área...me justificava a troca de todas as fotos de um livro inteiro, o motivo: aquelas áreas registradas há três anos atrás, não eram as mesmas que hoje ela havia revisitado... é o preço que pagamos por desenvolvimento...
Anônimo disse…
Pô Alencar, beleza, pelo menos já carrego vantagem pelo meu nome!

Mas... dúvidas:

1ª) As leis francesas são rigorosas porque são francesas, ou são rigorosas porque são aplicáveis?

2º) Os dois?

3º) Os aborígenes franceses, voltaram encantados com os nossos índios, algo... assim... pelo fato de conseguirem sobreviver apesar de tanta barbaridade (como diz aquela canção), ou encantados com a Vale pelo tratamento que a mesma dá aos mesmos? Ou encantados pelos 1 bi de dólares? (é, pois com essa grana até eu vou à Auschwitz-Birkenau, e volto encantado com a vida (ps.: claro que é exagero, mas é só para ilustrar, pois, daquilo ali, eu choro)

4º) Dividos, pois uns querem gastar o 1 bi com a mulherada, outros com cerveja, e, ainda outros, com os dois?

5º) As coisas que temos que aprender com os aborígenes franceses, dentre elas, é COMO TIRAR 1 BILHÃO DE DÓLARES DA VALE?

6º) E com os franceses, é admirá-los por serem conterrâneos da Edith Piaf?

A Lea (é a Lea que conheço de longas datas, desde o Moderno, e é juíza - se for, fale Lea, beleza?) tem razão, parcialmente, numa coisa pelo menos (não tenho conhecimento o suficiente sobre as questões ambientais a Vale): O PREÇO QUE PAGAMENTOS POR DESENVOLVIMENTO... só acrescentava um pouquiho... ...DOS OUTROS!

Abraços...
JOSE MARIA disse…
Léa, apresento Lafayette, advogado trabalhista, leitor deste Blog e filho de um jovem comunista de quase setenta anos.
Lafayette, apresento Léa, minha prima, leitora deste Blog.
Pagamos um preço alto pelo tipo de desenvolvimento que escolheram para nós e para nossa região. Só vamos tomar consciência disso muito adiante, quando for tarde demais.
Os aborígenes neocaledônios voltaram divididos porque uns querem manter a linha de enfrentamento e outros uma linha colaboracionista com a Vale.
A comichão franco-anexionista vai oferecer boas razões na sua catequese: subsídios para agricultores (imbatíveis), vantagens para os que fizerem carreira pública no departamento ultramarino, tarifas domésticas nos vôos da Air France (Belém/Cayena/Paris?), moeda forte (o Euro está anabolizado) e por aí afora.
Cametaenses levam vantagem adicional: já chegam com sotaque.
Anônimo disse…
É sumano... lá pras bandas de Cametá só se fala nisso.

Prazer, Léa!

Ser filho do André... e da Esther... a melhor parte do meu curriculm...
indiazinhalea disse…
o prazer é meu, lafayette!!!
Yúdice Andrade disse…
Já aqui, na casa da mãe Joana, basta oferecer uns afagos para os políticos que a empresa está instalada. Seus diretores viram celebridades, acima de leis, do bem e do mal. A exploração pode ser feita sem problemas, ficando os buracos, a poluição, os custos sociais, a miséria das populações atingidas. Se alguém reclama, é comunista, ecochato, marginal ou, na melhor das hipóteses, um ingênuo. O pior é que esse discurso é repetido pelo cidadão comum. Não à toa o poder público se sente tão à vontade para viver de chamego com as grandes empresas e ignorar as vozes em contrário.
Isto é o Brasil. Certamente, isso também explica porque a França é um país de primeiro mundo. E o Brasil...

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