Atraso

Assimetria é uma palavra muito usada para descrever o subdesenvolvimento brasileiro. Desenvolvimento capitalista assimétrico é o eufemismo corrente para descrever essa coisa que todos nós conhecemos bem. Alguns recorremos a outros termos nada técnicos ou assépticos para descrever o fenômeno.
Mas a espacialização das mídias convencionais terminou levando o senso comum a perceber a existência de trabalho forçado ou degradante como algo que não corresponde exatamente à realidade.
Assim, para o senso comum - jornalístico inclusive -  transitou em julgado que trabalho degradante ou forçado e até mesmo a redução de trabalhadores a condição análoga a de escravo é coisa típica do sertão brabo, coincidindo os casos com o desmatamento e o vasto elenco de crimes ambientais no Arco do Fogo, que por sua vez coincide com a fronteira econômica de expansão do capitalismo na Amazônia. É uma verdade parcial. Assimétrica.
A notícia abaixo mostra que trabalho forçado existe também no Sul Maravilha.
Que só é maravilha para quem não trabalho para a MRV.
Americana é uma afluente cidade paulista e lá também tem trabalho forçado. Dos brabos.
O atraso não é coisa só do sertão. 

Assimetria é isso aí.



São Paulo, sábado, 12 de março de 2011
Descrição: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/images/brasil.gif

Descrição: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/images/brabar.gif


TRABALHO ESCRAVO 2 

Terceirização em empreiteira é alvo de investigação do Ministério Público 

DE SÃO PAULO - Fiscais encontraram 48 trabalhadores da construção civil morando em alojamentos em condições consideradas degradantes em Americana (127 km de SP).
O local foi vistoriado na quinta pelo Ministério Público do Trabalho e pelo Ministério do Trabalho.
Os trabalhadores -22 alagoanos e 26 maranhenses- prestam serviços a empreiteiras contratadas pela construtora MRV. Moravam em condições precárias de higiene e segurança, com superlotação e descumprimento de normas de trabalho, segundo fiscais. Eles receberão passagens para voltar a seus Estados.
O Ministério Público do Trabalho afirma que havia indícios de aliciamento de mão de obra no Nordeste. Ausência de salários e retenção de documentos dos trabalhadores também foram verificados.
O Ministério Público irá investigar a legalidade da terceirização. Uma reunião entre procuradores e representantes da MRV está marcada.
Em nota, a MRV Engenharia informou que tomou conhecimento da situação na tarde de quinta. Foi constatado que uma empresa terceirizada não estava realizando os pagamentos nem cumprindo as obrigações trabalhistas.
A construtora afirmou que está assumindo pagamentos e regularizações necessárias e que intensificará as fiscalizações em todas as parceiras.


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