De Carrión de los Condes

Estamos em Carrión de Los Condes, em plena planície palenciana, sob a Junta de Castilla y León.
Em quinze dias foram 373 quilômetros de caminhada. E uma bolha em cada calcanhar de Araceli (uma unha perdida do polegar do meu pé direito deve ser contabilizada mais adiante).
Ficaram para trás Villalbilla, Tardajos, Rabé de Las Calzadas, Hornillos del Camino, Arroyo de San Bol, Hontanas (excelente albergue com quartos individuais), Castrojeriz, Puente Fitero, Itero de La Vega, Boadilla del Camino, Frómista, Población de Campos, Ravenga de Campos, Villarmentero de Campos e Villalcázar de Sirga.
Em Castrojeriz, uma surpreza: no bar La Taberna, onde entramos meio sem querer, topamos com Toni, amigo de Guy Velloso, que passou uns dias com ele em Belém. Nos recebeu com suco de abacaxi, deu-nos notícias de Guy, mostrou-nos fotos com ele - na Estaçao das Docas, no barco da Valeverde, no Combu, na Escola Bosque e por aí - e com Paulo Coelho. Recomendou-nos ficar no albergue de Boadilla del Camino. Seu cachorro - um setter - costuma acompanhar os peregrinos até Itero de La Vega. Nao foi nosso caso. Encontrou melhor companhia.
Seguimos sua indicaçao e pernoitamos em Boadillla del Caminho, no Albergue En El Camino.
É dirigido por Eduardo Merino, o Dudu, e seus pais. Dudu passou trinta dias em Belém. Veio em busca de um grande amor. Conheceu uma garota que entrara no seu bar, tomara um refrigerante e foi amor ao primeiro gole. Ficou um mês em Belém mas nao deu liga. Comprou cinco redes bordas e umas araras de madeira que estao penduraras até hoje nas árvores do bem cuidado jardim do albergue (que tem piscina e escultura de ferro). Depois pegou um ônibus da Transbrasiliana e seguiu para Goiânia, via Marabá. E de Goiânia tomou outro ônibus para Porto Alegre. Tudo para fazer uma foto no Estádio do Campeao do Mundo. De Belém trouxe muitas lembranças: açaí, sorvete da Cairu - ficou na casa namorada, na 14 de março, bem pertinho da sorveteria - pato no tucupi, das borracharias, do assassinato de um policial militar que fazia segurança em uma farmácia, dos buracos da estrada de Salinas, das lanchonetes em ônibus da Doca de Souza Franco, da Estaçao das Docas, da Feira de Batista Campos e da feira de verduras no chao do Entroncamento. Ficou impressionado com a corrupçao paulista (nao ouviu falar da paraense). Um figuraço. Promete voltar a Belém.
Passamos hoje cedinho por uma parte dos canais que foram construídos ao longo dos Séculos XVII e XIX, para ligar o centro de Castilla ao porto de Santander. Por eles trafegavam barcaças tracionadas por mulas. Transportavam trinta vezes mais que os carros de boi. Uma revoluçao. Uma estupenda obra de engenharia. Tinha mais de 200 km e 40 eclusas (isso mesmo, eclusas). Vimos umas delas, em Frómista. Com as ferrovias entraram em declínio. Funcionaram até 1959. Agora fornecem cenário ideal para caminhadas, de peregrinos e turistas. Impressiona ainda hoje e continuam sendo utilizados, para irrigar as plantaçoes - de trigo, alfafa, feno, milho, aveia, girassol e beterraba - e embelezar a planície de Palencia.
Em Frómista é festa de San Telmo. Duas semanas de programaçao. Hoje tinha até corrida de bicicletas. Vimos um bem nutrido pelotao. Beleza.
Vamos tentar seguir amanha. Se as bolhas deixarem.

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