De Portomarín, às margens do Miño
Estamos em Portomarín, às margens do Miño (isso mesmo, o nosso Minho!, aqui com sotaque hispano-galego). O rio está represado. É um castigo por ter feito a cidade ser mudada para o alto. A paisagem é belíssima. Calma, muita calma. Lamento nao poder ficar. Temos que avançara mais 8 ou 12 km, para reduzir o próximo tramo, que seria de 49 km se nao fizermos isso agora.
Hoje, às 10:30 h, chegamos ao marco dos 100 km para Santiago. Parece inacreditável, mas conseguimos! Agora as distâncias regressivas se medem em dois dígitos. A Xunta providencia para que nos lembremos disso a cada 500 m, com marcos mais ou menos exatos. De Saint-Jean até aqui foram 682 km. Inacreditáveis 682 km, de belezas e dores, nao nessa ordem, mas ao contrário.
Hoje o dia estava uma delícia. A temperatura ideal para caminhar. A paisagem deslumbrante desta Galícia inimaginável. Só quem caminha tem acesso a essa Galícia que é uma delícia. Nao adianta vir de carro ou de ônibus. Nao vai ter graça. Tem que ver as vaquinhas, os cachorros, as lesmas, os corvos e a paisagem, cheia de campinas Salmo 23 e o ton-sur-ton dos carvalhos, castanhos, pinhos e pastagens. As cerejeiras, pereiras e os castanhos em flor, no alto e no solo. É primavera, que finalmente venceu o inverno europeu tardio este ano.
Nao teria graça alguma caminhar pelas corredoiras - feitas para as vacas - sem bosta de vaca. Passamos por dentro de um rebanho delas. Com ovelhas pelos meio. Os cachorros sao amigáveis no mais das vezes, mas mostram serviço ourtras tantas.
Começamos a encontrar os hórreos, construçoes parecidas com sepulcros, que servem para guardar milho. E, desde ontem, pallozas, cobertas com a palha da cultura de graos do ano anterior. Lesmas pretas também. Grandes. Parecem de história em quadrinho. Caminham de um lado para outro, cedinho. A mim parecem simpáticas. Araceli nao concorda. Tem seus (bons) motivos.
Portomarín é uma cidade diferente porque foi transferida da beira do Miño (afundou em um pântano) para o alto. A Igreja - em galego, Igrexa - foi desmontada e remontada pedra a pedra. Daqui vemos a represa, as pontes, a cidade e os peregrinos que passam em direçao a Gonzar (mais 8 km) ou Hospital (mais 12). Aqui reaparecem os vinhedos, dos dois lados do rio.
Na frente do marco 100 km mandamos mensagens pelo celular para familiares, que estavam ainda dormindo. Responderam ao acordar.
Titovsky, meu bom amigo Tito, deixou um comentário que acabo de ler. Venha, amigo e camarada. Abrace Dona Norma e venha. Se for em maio do ano que vem, venhamos juntos.
Uma coisa te digo: nao voltarás o mesmo.
O Caminho é o grande itinerário cultural europeu, é a calle mayor de Europa, a Europa profunda, pré-histórica (em Cro-Magnon e Atapuerca) e pós-moderna (em um perdido museu de arte contemponânea nas margens do Caminho; cavaleiresca em Órbigo, medieval em todos os lugares, rural e urbana.
Nossa Europa!
Hoje, às 10:30 h, chegamos ao marco dos 100 km para Santiago. Parece inacreditável, mas conseguimos! Agora as distâncias regressivas se medem em dois dígitos. A Xunta providencia para que nos lembremos disso a cada 500 m, com marcos mais ou menos exatos. De Saint-Jean até aqui foram 682 km. Inacreditáveis 682 km, de belezas e dores, nao nessa ordem, mas ao contrário.
Hoje o dia estava uma delícia. A temperatura ideal para caminhar. A paisagem deslumbrante desta Galícia inimaginável. Só quem caminha tem acesso a essa Galícia que é uma delícia. Nao adianta vir de carro ou de ônibus. Nao vai ter graça. Tem que ver as vaquinhas, os cachorros, as lesmas, os corvos e a paisagem, cheia de campinas Salmo 23 e o ton-sur-ton dos carvalhos, castanhos, pinhos e pastagens. As cerejeiras, pereiras e os castanhos em flor, no alto e no solo. É primavera, que finalmente venceu o inverno europeu tardio este ano.
Nao teria graça alguma caminhar pelas corredoiras - feitas para as vacas - sem bosta de vaca. Passamos por dentro de um rebanho delas. Com ovelhas pelos meio. Os cachorros sao amigáveis no mais das vezes, mas mostram serviço ourtras tantas.
Começamos a encontrar os hórreos, construçoes parecidas com sepulcros, que servem para guardar milho. E, desde ontem, pallozas, cobertas com a palha da cultura de graos do ano anterior. Lesmas pretas também. Grandes. Parecem de história em quadrinho. Caminham de um lado para outro, cedinho. A mim parecem simpáticas. Araceli nao concorda. Tem seus (bons) motivos.
Portomarín é uma cidade diferente porque foi transferida da beira do Miño (afundou em um pântano) para o alto. A Igreja - em galego, Igrexa - foi desmontada e remontada pedra a pedra. Daqui vemos a represa, as pontes, a cidade e os peregrinos que passam em direçao a Gonzar (mais 8 km) ou Hospital (mais 12). Aqui reaparecem os vinhedos, dos dois lados do rio.
Na frente do marco 100 km mandamos mensagens pelo celular para familiares, que estavam ainda dormindo. Responderam ao acordar.
Titovsky, meu bom amigo Tito, deixou um comentário que acabo de ler. Venha, amigo e camarada. Abrace Dona Norma e venha. Se for em maio do ano que vem, venhamos juntos.
Uma coisa te digo: nao voltarás o mesmo.
O Caminho é o grande itinerário cultural europeu, é a calle mayor de Europa, a Europa profunda, pré-histórica (em Cro-Magnon e Atapuerca) e pós-moderna (em um perdido museu de arte contemponânea nas margens do Caminho; cavaleiresca em Órbigo, medieval em todos os lugares, rural e urbana.
Nossa Europa!
Comentários
Perdôe-me a ignorância: a Araceli de que falas é a ex-deputada do PSOL?
Jamais fomos íntimos, o que talvez explique essa minha ignorância.
Peço que acesse ao meu blog e mande seus comentários.
Um grande abraço (extensivo a Araceli) e bom retorno.
Sim, Araceli é Araceli.
Estou em falta com você, pois há dias nao entro no seu blog.
Peço sua compreensao.
Abraços