Tem uma Cisco no olho do mercado (ou do furacão)

A prisão provisória do Presidente da Cisco serviu para mostrar algumas boas novidades.
A primeira é que a altura do coturno - ou do sapato de cromo alemão - não gera imunidade e, pouco a pouco, que camburão não existe só para os três pês de sempre.
A segunda é que a ética está mesmo definitivamente incorporada à paisagem corporativa e quem não a tem - ou, tendo, não a respeita - põe em risco a si próprio e ao mercado.
Deve-se a Adam Smith a libertação do mercado das travas éticas que herdara do medievalismo. Graças a ele os capitalistas puderam relaxar durante séculos e ter como limite ético apenas o próprio egoísmo individual.
Passados esses tantos séculos, começam a perceber que está passando da hora de rever esses conceitos e reincorporar a ética - nem que seja apenas a negocial - no núcleo essencial e irrenunciável da economia.
Quando não são respeitados mínimos éticos, a vaca pode ir para o brejo, atenda ela pelo nome de Enron, Halliburton ou Cisco.
A Cisco dominava 70% do mercado brasileiro de roteadores. Teria chegado a tanto se tivesse respeitado a ética? É pouco provável.
Quanto desse mercado migrará para a concorrência (a norte-americana Juniper, a francesa Alcatel-Lucent e a chinesa Huawei, que ocupam segundo, terceiro e quarto lugares no ranking do grupo Dell'Oro de roteadores, segundo as melhores fontes)?.
Os próximos movimentos dirão, mas no final de semana as barbas (e as caudas) dos clientes já estavam de molho e os concorrentes apresentavam suas armas. O que é crise para a Cisco é oportunidade de bons negócios para os concorrentes.
A Cisco está no olho do furacão, mas levou junto parte do mercado que ainda meio sem jeito aprende que esse negócio de ética é para valer mesmo, e não apenas para constar dos sítios da Internet.
Os próximos meses dirão se o mercado vai tirar a Cisco do seu olho.

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