De León, Cidade Bimilenária
Chegamos à bimilenária León logo depois do meio-dia. Dezoito quilômetros tranqüilos saindo de Mansilla de Las Mulas e passando por Villamoros de Mansilla, Puente de Villarente, Arcahueja - que tem a melhor área de descanso de todo o Caminho, até agora - Valdelafuente e Puente Castro, esta já conurbada com León.
As cegonhas estao em plena época de nidificaçao e por isso cada igreja ou chaminé tem direito a pelo menos um ninho (a maioria já com filhotes). Mas na torre da igrejinha de Puente Castro um recorde de quatro ninhos. Cegonha aqui é coisa séria. No Plano Diretor da Restauraçao da Catedral de León constou uma regra: os ninhos de cegonhas que existiam nos periclitantes pináculos foram retirados respeitando o período de procriaçao. Coisa para amolecer o coraçao do mais renitente ambientalista. O Plano Diretor foi aprovado pela Junta de Castilla y León e pelo Cabildo. Acho que Sao Francisco também aprovaria.
A Catedral de León tem vitrais maravilhosos, coisa para rivalizar com a Saint Chapelle. Estao bem restaurados. A Catedral toda está sendo muito bem restaurada, com recursos públicos e donativos de peregrinos. Aqui no Norte da Espanha parece que a coisa ficou assim dividida. As igrejas rurais sao românicas e as das grandes cidades sao góticas, com tudo o que seria de se exigir desse estilo. A influência dos mestres franceses e alemaes é visível. Mas há um toque local nas temáticas. E a pedra parece ser bordada, tantos sao os detalhes. Os arcobotantes parecem ter a mesma inclinaçao. Sempre me deram a impressao de ser a síntese entre o milagre e a tecnologia, pois as forças que nele se equilibram sugerem essa mistura de fé e ciência.
León tem mais de dois mil anos e tem orgulho disso. Ela nasce com a ocupaçao romana pela Legio VII Gemina. Na Alta Idade Média foi uma das cidades que mais foi associada ao Caminho de Santiago, daí a grande quantidade de igrejas, monastérios, conventos, hospitais e albergues. A tradiçao de hospitalidade se mantém e reaviva. No albergue municipal convivem - em duas alas separadas apenas por um corredor - peregrinos e jovens hospédes do Albergue da Juventude. O prédio é do Ayuntamiento, muito bem conservado e bem atendido. Tem até elevador (que funciona!). Tem ducha com água quente, cozinha, calefaçao e Internet grátis (sessoes de meia hora).
O centro histórico está muito bem preservado e tem todas as funcionalidades necessárias para manter a vida e o turismo em alta. Cafés, bares, restaurantes, butiques, óticas, museus e tudo mais. Bem pertinho fica o indefectível El Corte Inglés. E bons hotéis, inclusive o parador de luxo que funciona no antigo Hospital de San Marcos, onde os cajados dos peregrinos eram marcados (como acontece hoje com as credenciais).
A gastronomia desta parte da Espanha é de arrasar. A combinaçao de graos (garbanzos e alubias), carnes, embutidos, batatas e legumes, acompanhada de pao e vinho, garante a reposiçao das forças para peregrinos.
Os leoneses querem autonomia (em relaçao à Castilla). As ruas estao com cartazes convocando para um ato público. Guardei um de recordaçao. Os leoneses sao muito ciosos de seu passado e lhes parece - pelo menos para parte deles - que Castilla é Castilla, León é León. E Espanha? Bom, Espanha é uma paella onde cabe tudo: catalaes, bascos, castillanos, leoneses, galegos e por aí.
Amanha vamos partir cedinho para Valladangos del Páramos (20 km), San Martin del Camino (mais 5 km) ou - se tivermos pernas - Puente y Hospital de Órbigo (mais 8 km).
Antes que me esqueça, muito obrigado ao Itajaí pelo comentário e pela força. Ao Lafayette também.
As cegonhas estao em plena época de nidificaçao e por isso cada igreja ou chaminé tem direito a pelo menos um ninho (a maioria já com filhotes). Mas na torre da igrejinha de Puente Castro um recorde de quatro ninhos. Cegonha aqui é coisa séria. No Plano Diretor da Restauraçao da Catedral de León constou uma regra: os ninhos de cegonhas que existiam nos periclitantes pináculos foram retirados respeitando o período de procriaçao. Coisa para amolecer o coraçao do mais renitente ambientalista. O Plano Diretor foi aprovado pela Junta de Castilla y León e pelo Cabildo. Acho que Sao Francisco também aprovaria.
A Catedral de León tem vitrais maravilhosos, coisa para rivalizar com a Saint Chapelle. Estao bem restaurados. A Catedral toda está sendo muito bem restaurada, com recursos públicos e donativos de peregrinos. Aqui no Norte da Espanha parece que a coisa ficou assim dividida. As igrejas rurais sao românicas e as das grandes cidades sao góticas, com tudo o que seria de se exigir desse estilo. A influência dos mestres franceses e alemaes é visível. Mas há um toque local nas temáticas. E a pedra parece ser bordada, tantos sao os detalhes. Os arcobotantes parecem ter a mesma inclinaçao. Sempre me deram a impressao de ser a síntese entre o milagre e a tecnologia, pois as forças que nele se equilibram sugerem essa mistura de fé e ciência.
León tem mais de dois mil anos e tem orgulho disso. Ela nasce com a ocupaçao romana pela Legio VII Gemina. Na Alta Idade Média foi uma das cidades que mais foi associada ao Caminho de Santiago, daí a grande quantidade de igrejas, monastérios, conventos, hospitais e albergues. A tradiçao de hospitalidade se mantém e reaviva. No albergue municipal convivem - em duas alas separadas apenas por um corredor - peregrinos e jovens hospédes do Albergue da Juventude. O prédio é do Ayuntamiento, muito bem conservado e bem atendido. Tem até elevador (que funciona!). Tem ducha com água quente, cozinha, calefaçao e Internet grátis (sessoes de meia hora).
O centro histórico está muito bem preservado e tem todas as funcionalidades necessárias para manter a vida e o turismo em alta. Cafés, bares, restaurantes, butiques, óticas, museus e tudo mais. Bem pertinho fica o indefectível El Corte Inglés. E bons hotéis, inclusive o parador de luxo que funciona no antigo Hospital de San Marcos, onde os cajados dos peregrinos eram marcados (como acontece hoje com as credenciais).
A gastronomia desta parte da Espanha é de arrasar. A combinaçao de graos (garbanzos e alubias), carnes, embutidos, batatas e legumes, acompanhada de pao e vinho, garante a reposiçao das forças para peregrinos.
Os leoneses querem autonomia (em relaçao à Castilla). As ruas estao com cartazes convocando para um ato público. Guardei um de recordaçao. Os leoneses sao muito ciosos de seu passado e lhes parece - pelo menos para parte deles - que Castilla é Castilla, León é León. E Espanha? Bom, Espanha é uma paella onde cabe tudo: catalaes, bascos, castillanos, leoneses, galegos e por aí.
Amanha vamos partir cedinho para Valladangos del Páramos (20 km), San Martin del Camino (mais 5 km) ou - se tivermos pernas - Puente y Hospital de Órbigo (mais 8 km).
Antes que me esqueça, muito obrigado ao Itajaí pelo comentário e pela força. Ao Lafayette também.
Comentários
Que experiência, hein! Sei que não é por motivos religiosos, mas culturais.
Pelo que noto, escreverás um livro, quando retornares ao Pará
Um grande abraço
Ronaldo Giusti
Soube através de um amigo de sua viagem e passei a acompanhá-la também através de seus comentários.
Um dia farei esse trajeto, espero!
Um forte abraço.
Antonio Carlos de andrade monteiro
Ronaldo, já disse o Caê:
"Quem é ateu e viu milagres como eu / Sabe que os deuses sem Deus /
Não cessam de brotar, nem cansam de esperar /
E o coração que é soberano e que é senhor /
Não cabe na escravidão, não cabe no seu não / Não cabe em si de tanto sim" ;-)
Deixo meu primeiro comentário neste blog que, meu amigo, está fantástico.
Além de viajante, você se revelou um cronista da melhor cepa.
Continue a nos iluminar do outro lado do mundo. Aguardo ansioso sua visão da torre da catedral de Santiago, o momento mais emocionante do caminho.
Abraços, um tanto invejosos.
Gabriel