Fotografias de Guy Veloso

FOTÓGRAFO PARAENSE LEVA PENITENTES À 29ª BIENAL DE SP



Grupo de Penitentes reza em um cruzeiro pelas almas. Juazeiro-Bahia, 2005. Dupla exposição não intencional de um fotograma. Diapositivo.

Abre ao público dia 25 de setembro a 29ª edição da mostra internacional de artes mais importante da América Latina. Entre os artistas convidados para a mostra oficial pelos curadores Moacir dos Anjos e Agnaldo Farias, está o fotógrafo paraense Guy Veloso, com uma parte de seu ensaio documental “Penitentes” realizado durante oito anos nas cinco regiões do país.

Não é por menos que a capital do Pará é considerada o berço de uma das mais criativas fotografias do país. Só para se ter uma idéia, ano passado seu conterrâneo Luiz Braga foi o representante do Brasil na Bienal de Veneza.

Bio

Guy Veloso, 40 anos, nasceu e trabalha em Belém-PA, metrópole culturalmente pulsante de 2 milhões de habitantes no coração da Amazônia. De formação acadêmica em Direito (1991), é fotógrafo independente desde 1988 com diversas publicações nacionais e internacionais.

Já em 1998 realizou, com apoio técnico de Antonio Fonseca, o primeiro vernissage transmitido ao vivo pela Internet no Brasil, um dos pioneiros do gênero no mundo. Em ensaios autorais usa apenas lentes 35mm para, como ele diz, “ter que chegar ainda mais perto das pessoas”, o que em muitos casos acaba torna-se um verdadeiro “corpo-a-corpo” durante grandes procissões e romarias. Da mesma forma, ainda utiliza equipamento analógico com filmes em preto-e-branco ou diapositivos como uma solução estética elaborada para seu estilo, algo raríssimo hoje em dia. “Ao menos por enquanto, sem radicalismos” – revela o fotógrafo.

Para o curador Rubens Fernandes Jr., “as imagens de Veloso surpreendem pelo non sense, pelo surreal, pela completa dissonância entre o mundo real e o outro mundo”. Já Marisa Mokarzel, curadora, relata: “as cenas existem, mas a imagem, a estética é própria de Guy Veloso que potencializa o real lançando-o no limite do medo”. Seus trabalhos compõe os acervos da University of Essex Collection of Latin American Art, Colchester-Inglaterra; Centro Português de Fotografia, Porto-Portugal; Coleção Joaquim Paiva/Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro  e Pirelli/MASP.

Sua mais recente individual, Alquimia, curada por Patricia Gouvêa e Claudia Buzzetti, inaugurada em março de 2010 no Espaço Cultural Ateliê da Imagem no Rio de Janeiro e segue itinerando pelo país.

Penitentes

São Confrarias laicas que saem rezando noite a dentro em determinadas épocas do ano pelas almas que acreditam estarem “presas” no Purgatório, sempre cobertos com lençóis ou mantos a fim de preservar suas identidades e, em alguns casos, flagelando seus corpos com chicotes.

O autor fotografa e estuda compulsivamente este assunto desde 2002. Em 2009 foi o primeiro pesquisador a levantar a teoria de que estes grupos de “Penitentes”, também chamados “Alimentadores de Almas” ou “Irmãos das Almas”, parte deles de difícil acesso ou até secretos, poderiam ocorrer nas 5 regiões do país. No ano seguinte provou e publicou sua teoria cobrindo o país inteiro, com (até agora) 116 grupos documentados.

As fotos da Bienal

As 16 imagens escolhidas para a Bienal são parte de um ensaio maior chamado Penitentes: dos Ritos de Sangue à Fascinação do Fim do Mundo. Foram eleitas entre as milhares produzidas nestes oito anos levando em conta a dramaticidade do assunto e a estética do autor, tendo a assistência da curadora Rosely Nakagawa na seleção – que acompanha o Projeto desde de seu início.

Quatro dessas fotos possuem erros técnicos não provocados. Equívocos assumidos mesmo: duas são resultado de problema na cortina da máquina analógica, outra causado por erro na revelação e, o mais gritante, uma dupla exposição acidental de um filme. “Um erro primário, como sempre digo sem nenhuma vergonha” – confessa o fotógrafo.

Segundo as curadoras Angela Magalhães e Nadja Peregrino, “Há uma ambiguidade de sentido na representação dos homens encapuzados quando comparados aos violentos Ku-Klux-Klan, ao emblemático Chador das mulheres muçulmanas e aos sequestradores contemporâneos que evocam o clima de insegurança tão presente no mundo globalizado”.
A 29ª Bienal de SP abrirá ao público dia 25 de setembro e tende a ser um marco na história recente das artes do país.

Site do fotógrafo:www.fotografiadocumental.com.br

Horários de funcionamento
De 2ª a 4ª feira: das 9 às 19h.
5ª e 6ª feira: das 9 às 22h.
Sábado e domingo: das 9 às 19h.

29ª Bienal de São Paulo
De 25/9 a 12/12, Parque do Ibirapuera, portão 3,
Pavilhão Ciccillo Matarazzo. Entrada franca.



Omnia Vincit Amor

Comentários

Postagens mais visitadas