A motivação segundo os Evangelhos de D. Zilda Arns e Marcello Llévenes

Como motivar milhares de colaboradores com poucos recursos? Mostre que todos são especiais
Zilda Arns, diretora da Pastoral da Criança

Reproduzo em seguida um artigo de Wilame Amorim Lima sobre motivação e liderança, com foco em dois exemplos bem distintos, o de D. Zilda Arns, da Pastoral da Criança - agora na Pastoral do Idoso - e Marcello Lévenes, da antiga CERJ, a decadente concessionária de energia elétrica do Rio de Janeiro.



Bons planos podem começar na mesa da sala de jantar ou em uma sala de reuniões. Bons líderes podem dar início a seus projetos a partir de situações catastróficas. Dois exemplos de liderança são a médica e diretora da Pastoral da Criança e da Pessoa Idosa, Zilda Arns; e o presidente do grupo Endesa no Brasil, grupo controlador da Ampla, concessionária de energia elétrica, Marcello Llévenes. Ambos tiveram que superar dificuldades e motivar milhares de pessoas para modificar realidades que pareciam em colapso.



Zilda Arns é a fundadora de um projeto que já dura 24 anos e atua diretamente com 43 mil comunidades carentes em todo o Brasil. A médica pediatra começou a Pastoral da Criança depois de se perguntar o que poderia ser feito para evitar a morte de crianças pobres e doentes. Um dia, após o jantar com família, Zilda parou para pensar em como poderia ser possível motivar pessoas usando pouco dinheiro. Criou um verdadeiro modelo de liderança comunitária.



Assim nasceu a Pastoral. A médica recrutou algumas mulheres pobres do interior do Paraná. Estas por sua vez, foram recrutando mais famílias, todas voluntárias. Zilda ensinou a cada uma delas maneiras de identificar doenças nas crianças de forma que as mães pudessem oferecer os primeiros socorros a seus filhos. Hoje, a médica é responsável por 269 mil voluntárias que trabalham apenas "por amor ao que fazem", explica.



O desafio de Zilda foi exatamente o de manter a motivação de cada um dos participantes do projeto. "Costumava apertar contra o peito cada uma daquelas mulheres e dizer que elas são muito importantes para que tudo dê certo", conta a profissional de Saúde. Foi fazendo com que cada integrante do movimento se sentisse especial que a Pastoral da Criança se tornou modelo de projeto para Unicef e conseguiu diminuir as estatísticas de mortalidade infantil em todo o Brasil.



Mudança de paradigmas



Quando chegou à Endesa, Marcello Llévenes tinha o desafio de fazer com que a empresa de energia e serviços Ampla deixasse de ter os piores resultados de todo o grupo no mundo. Em 2002, durante uma reunião com os funcionários, perguntou quem se sentia satisfeito em trabalhar na empresa. Apenas três pessoas levantaram a mão.



"Os colaboradores estavam tensos, tristes, sem paixão", lembra o presidente. Na época, a Ampla (que se chamava CERJ) era detentora do título de empresa do grupo com a pior avaliação dos clientes e com o mais fraco resultado financeiro. Também tinha apenas 36% dos funcionários motivados para o trabalho e costumava resolver problemas demitindo pessoas. Ao tentar mudar a situação, Llévenes encomendou um plano de transformação focado apenas em operações, em 2003. Fracassou.



Sem saber o que fazer, pediu para que o setor de RH descobrisse o que as pessoas queriam que fosse implantado para que a empresa entrasse na lista das 150 melhores para se trabalhar. Em 2004, começava o desafio da Ampla de entrar para a concorrida lista.



Depois de diminuir o número de chefes de 300 para 90, mapear as carreiras, criar planos de desenvolvimento de pessoas, oferecer treinamentos e coaching, a Ampla acabou descobrindo que os melhores efeitos só podem ser alcançados quando há um comprometimento da empresa com a equipe. "O resultado econômico é uma conseqüência e não objetivo final", esclarece o dirigente. Hoje, a Ampla tem serviços de academia, cabeleireiro, lojas com produtos e muitas outras facilidades que, segundo Llévenes, não são vistas em nenhuma outra empresa de energia no mundo.



Tanto para o presidente quanto para Zilda Arns, o importante no trabalho de motivação de uma equipe não é apenas a questão financeira, mas sim conquistar o coração e a mente das pessoas com quem se trabalha. Ambos foram convidados pelo Congresso Nacional

Sobre Gestão de Pessoas 2007 (Conarh) para mostrar suas experiências e inspirarem líderes de RH. No geral, conseguiram mostrar a todos que verdadeiros líderes são pessoas comprometidas não apenas com o sucesso, mas em primeiro lugar com as pessoas.

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