Vida Longa para a SPDDH!
A Sociedade Paraense de Defesa de Direitos Humanos completou trinta anos dia 8 de agosto de 2007. É uma façanha e tanto. Com esse feito ela torna-se uma das mais longevas organizações não governamentais de defesa dos direitos humanos. Claro que ainda está longe da marca da britânica Antislavery, com dois séculos de bons combates (inclusive contra a escravidão brasileira, passada e presente).
Quando nasceu, na etapa final da ditadura militar, a SPDDH foi o leito generoso para onde confluíram todos os que queriam ver respeitados os direitos humanos, queriam democracia, liberdade e paz. Era uma frente onde cabiam, irmanados, cristãos (católicos, luteranos, anglicanos e evangélicos), comunistas (do Partidão e do PCdoB, então se reorganizando na clandestinidade; trotskistas da Libelu e por aí afora), democratas, liberais, sociais-democratas, ambientalistas (a Conferência de Estocolmo ocorrera apenas cinco anos antes), nacionalistas, internacionalistas, pacifistas, defensores da Amazônia e combatentes pela anistia (civis e militares).
Foi o viveiro, a incubadora de vocações que anos depois chegaram aos parlamentos e aos poderes executivos e judiciários de diversos níveis da federação brasileira.
Foi contemporânea de outros movimentos que cumpriram seu ciclo e hibernaram ou mesmo desapareceram simplesmente. O Movimento de Defesa da Amazônia - MDA, por exemplo, era quase um irmão siamês, impulsionado desde o Rio de Janeiro - sobretudo por Orlando Valverde - mas com forte presença em Belém no final dos anos setenta do Século XX. Não sei que fim levou.
Dentre os fundadores, militantes e dirigentes desses primeiros anos relembro, para homenagear todas e todos os que fizeram e fazem a SPDDH, os nomes de Raimundo Jinkings, Paulo Fonteles e Hecilda Veiga, Humberto e Iza Cunha, Alexandre Cunha (que tem bom artigo sobre o tema no Portal da Fundação Perseu Abramo), os inseparáveis Sandoval e Sá Pereira, Armando Zurita, Daniel Veiga, Paulo Roberto, Luiz Maklouf de Carvalho, João Marques, Marly, Mady, Aldalice e Mateus Oterloo, Jaime Teixeira, José Carlos e Edna Castro, Ruy Barata, Mariano Klautau, Marga Rothe, Padre João (da Paróquia de Nossa Senhora Aparecida) e Vera Cunha. A lista não é e não pode ser exaustiva, pois eram tantas pessoas que o Salão Paroquial da Paróquia ficava pequeno para as reuniões.
O Jornal RESISTÊNCIA que ela editou por muitos anos tinha por consigna Resistir é o primeiro passo. Ganhou prêmios - publicou a lista dos agentes do SNI no Pará - e depois deixou de circular, como tantos outros jornais alternativos contemporâneos, assim cumprindo seu ciclo. Captando recursos no país e no Exterior, chegou a ter uma gráfica, de existência atribulada, seja por atentados vindos de uma direita assanhada no finalzinho da ditatura, seja por problemas gerenciais. A aquisição da impressora, uma off-set Solna, de Carlos Rocque, da Mitograph, foi uma roubada. Ela tinha sido dada em garantia de empréstimo feito pelo Banco do Estado do Pará. Estava penhorada e não podia ser vendida. O problema só foi resolvido anos depois, por volta de 1983, quando Jáder Barbalho já era Governador do Estado e a situação foi composta em termos, digamos, técnicos. Depois a gráfica foi cedida em comodato para a Suyá, uma sociedade limitada constituída por militantes da própria SPDDH, para a finalidade específica de administrá-la e, em contrapartida, fazer doações regulares para a SPDDH e prestar serviços ao movimento popular a preços abaixo do mercado. Não deu certo.
Hoje a SPDDH é uma respeitada ONG que mantém parcerias com instituições públicas e privadas, como é o caso dos programas de proteção de testemunhas e de defensores dos direitos humanos. Continua sendo viveiro e incubadora de vocações, como é o caso de José Héder Benatti (Presidente do Instituto de Terras do Pará) e Vera Tavares (Secretária de Segurança do Estado do Pará).
Vida longa para a SPDDH!
Quando nasceu, na etapa final da ditadura militar, a SPDDH foi o leito generoso para onde confluíram todos os que queriam ver respeitados os direitos humanos, queriam democracia, liberdade e paz. Era uma frente onde cabiam, irmanados, cristãos (católicos, luteranos, anglicanos e evangélicos), comunistas (do Partidão e do PCdoB, então se reorganizando na clandestinidade; trotskistas da Libelu e por aí afora), democratas, liberais, sociais-democratas, ambientalistas (a Conferência de Estocolmo ocorrera apenas cinco anos antes), nacionalistas, internacionalistas, pacifistas, defensores da Amazônia e combatentes pela anistia (civis e militares).
Foi o viveiro, a incubadora de vocações que anos depois chegaram aos parlamentos e aos poderes executivos e judiciários de diversos níveis da federação brasileira.
Foi contemporânea de outros movimentos que cumpriram seu ciclo e hibernaram ou mesmo desapareceram simplesmente. O Movimento de Defesa da Amazônia - MDA, por exemplo, era quase um irmão siamês, impulsionado desde o Rio de Janeiro - sobretudo por Orlando Valverde - mas com forte presença em Belém no final dos anos setenta do Século XX. Não sei que fim levou.
Dentre os fundadores, militantes e dirigentes desses primeiros anos relembro, para homenagear todas e todos os que fizeram e fazem a SPDDH, os nomes de Raimundo Jinkings, Paulo Fonteles e Hecilda Veiga, Humberto e Iza Cunha, Alexandre Cunha (que tem bom artigo sobre o tema no Portal da Fundação Perseu Abramo), os inseparáveis Sandoval e Sá Pereira, Armando Zurita, Daniel Veiga, Paulo Roberto, Luiz Maklouf de Carvalho, João Marques, Marly, Mady, Aldalice e Mateus Oterloo, Jaime Teixeira, José Carlos e Edna Castro, Ruy Barata, Mariano Klautau, Marga Rothe, Padre João (da Paróquia de Nossa Senhora Aparecida) e Vera Cunha. A lista não é e não pode ser exaustiva, pois eram tantas pessoas que o Salão Paroquial da Paróquia ficava pequeno para as reuniões.
O Jornal RESISTÊNCIA que ela editou por muitos anos tinha por consigna Resistir é o primeiro passo. Ganhou prêmios - publicou a lista dos agentes do SNI no Pará - e depois deixou de circular, como tantos outros jornais alternativos contemporâneos, assim cumprindo seu ciclo. Captando recursos no país e no Exterior, chegou a ter uma gráfica, de existência atribulada, seja por atentados vindos de uma direita assanhada no finalzinho da ditatura, seja por problemas gerenciais. A aquisição da impressora, uma off-set Solna, de Carlos Rocque, da Mitograph, foi uma roubada. Ela tinha sido dada em garantia de empréstimo feito pelo Banco do Estado do Pará. Estava penhorada e não podia ser vendida. O problema só foi resolvido anos depois, por volta de 1983, quando Jáder Barbalho já era Governador do Estado e a situação foi composta em termos, digamos, técnicos. Depois a gráfica foi cedida em comodato para a Suyá, uma sociedade limitada constituída por militantes da própria SPDDH, para a finalidade específica de administrá-la e, em contrapartida, fazer doações regulares para a SPDDH e prestar serviços ao movimento popular a preços abaixo do mercado. Não deu certo.
Hoje a SPDDH é uma respeitada ONG que mantém parcerias com instituições públicas e privadas, como é o caso dos programas de proteção de testemunhas e de defensores dos direitos humanos. Continua sendo viveiro e incubadora de vocações, como é o caso de José Héder Benatti (Presidente do Instituto de Terras do Pará) e Vera Tavares (Secretária de Segurança do Estado do Pará).
Vida longa para a SPDDH!
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Revisado às 19:46 h
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