Notícias do Caminho - de Estella a Los Arcos
Acordamos cedo e nos arrumamos com a pressurosa calma dos peregrinos.
O café da manha é dado pelo albergue, no melhor espírito jacobeo. Uma pequena multidao lota a cozinha. Mas o temido excesso de peregrinos ainda nao deu as caras neste trecho do Caminho.
Caminhamos pela simpática Estella, de quem me despeço com a saudade de quem tem certeza de voltar um dia.
Loco passamos por Ayegui, dois quilômetros adiante.
Nos mantemos no Caminho que passa por Irache e logo aparece a bodega e o monastério. Desta vez a famoça Fuente del Vino tinha vinho mesmo e todos os peregrinos tomam um pouco, alguns levam garrafinhas e todos tomam fotos. Esta fonte é, com certeza, a mais famosa do Caminho. O monastério parece o Escorial e testemunha o poder da Igreja naqueles tempos medievais. Subimos suavemente com o Montejurra no horizonte, rumo a Ázqueta e seu morador mais famoso, Pablito de Las Varas. Reencontro as peregrinas paranaenses, que passam por nós, agora aliviadas do excesso de peso que despacharam pela Jacotrans para Logroño. Ajudo a ajustar a mochila de uma delas, que ainda nao está, digamos, afinada. Ela já começava a sentir incômodos e ficou aliviada. Marcamos para nos encontrar em Ázqueta, onde chegamos quase juntos. A casa de Pablito já tem peregrinos, em busca de carimbo e de cajados. Foi uma enorme emoçao para mim rever Pablito, de quem ganhei um cajado em 2007 e que está hoje na sala de visitas de minha casa em Belém. Nos abraçamos, nos apresentamos e ele nos mostra orgulhoso as bandeiras brasileiras e uma imagem de Nossa Senhora Aparecida deixada por brasileiros. Depois das fotos ele nos leva para mostrar a árvore que parece um elefante e uma estela fúnebre que ele recolheu nos arredores. E começa a preparar os cajados de avelano - este ano o estoque dele é de varas finas - de acordo com a altura de cada um, lixando a empunhadora. Depois nos ensina a usar e ajusta nossas mochilas. Nos despedimos com alegria para enfrentar o Caminho até Los Arcos.
Os cajados de Pablito fazem o milagre de nao notarmos a forte subida até Villamayor de Monjardín, onde encontro meu amigo peregrino no albergue paroquial. A irma dele está um pouco atrás. Ele se adianta e marcamos para nos encontrar em Los Arcos. O alberque paroquial é atendido por duas voluntárias alemas, Marta e Elizabeth. Tomamos café com bolacha maria e deixamos donativos.
Na saída terminamos nos afastando do Caminho tradicional e pegando uma variante que nos leva a Urbiola, o que nos aumentou em um ou dois quilômetros o percurso. A prometida chuva começa fininha e vai engrossando, obrigando o uso de poncho. O caminho fica pesado e minha amiga peregrina tem dificuldades para caminhar. Os doze quilômetros até Los Arcos parecem nao acabar nunca. Adiantei-e e encontrei o irmao dela no primeiro albergue de Los Arcos, com os tickets do albergue municipal, por volta das três da tarde. Foram oito horas de caminhada para vencer apenas 20 km.
Nos alojamos e nao encontramos mais restaurantes abertos. Mas em compensaçao reencontro a tortilla que é uma das comidas que mais gosto do Caminho. Coisa simples e boa: batata, ovos e azeite de oliva. Um espetinho e um copo de vinho aplacam a fome até a hora do jantar, que vai ser aqui mesmo no La Gargantúa, na Calle Santa Maria, ao lado da Igreja.
Volto ao albergue e atualizo as mensagens.
Quando a biblioteca do Centro Cultural de Los Arcos abre, uso gratuitamente o computador para fazer este post. Peregrino tem preferência. Mas os jovens dominam as máquinas.
Nao é a toa que o Caminho de Santiago é Itinerário Cultural Europeu.
O café da manha é dado pelo albergue, no melhor espírito jacobeo. Uma pequena multidao lota a cozinha. Mas o temido excesso de peregrinos ainda nao deu as caras neste trecho do Caminho.
Caminhamos pela simpática Estella, de quem me despeço com a saudade de quem tem certeza de voltar um dia.
Loco passamos por Ayegui, dois quilômetros adiante.
Nos mantemos no Caminho que passa por Irache e logo aparece a bodega e o monastério. Desta vez a famoça Fuente del Vino tinha vinho mesmo e todos os peregrinos tomam um pouco, alguns levam garrafinhas e todos tomam fotos. Esta fonte é, com certeza, a mais famosa do Caminho. O monastério parece o Escorial e testemunha o poder da Igreja naqueles tempos medievais. Subimos suavemente com o Montejurra no horizonte, rumo a Ázqueta e seu morador mais famoso, Pablito de Las Varas. Reencontro as peregrinas paranaenses, que passam por nós, agora aliviadas do excesso de peso que despacharam pela Jacotrans para Logroño. Ajudo a ajustar a mochila de uma delas, que ainda nao está, digamos, afinada. Ela já começava a sentir incômodos e ficou aliviada. Marcamos para nos encontrar em Ázqueta, onde chegamos quase juntos. A casa de Pablito já tem peregrinos, em busca de carimbo e de cajados. Foi uma enorme emoçao para mim rever Pablito, de quem ganhei um cajado em 2007 e que está hoje na sala de visitas de minha casa em Belém. Nos abraçamos, nos apresentamos e ele nos mostra orgulhoso as bandeiras brasileiras e uma imagem de Nossa Senhora Aparecida deixada por brasileiros. Depois das fotos ele nos leva para mostrar a árvore que parece um elefante e uma estela fúnebre que ele recolheu nos arredores. E começa a preparar os cajados de avelano - este ano o estoque dele é de varas finas - de acordo com a altura de cada um, lixando a empunhadora. Depois nos ensina a usar e ajusta nossas mochilas. Nos despedimos com alegria para enfrentar o Caminho até Los Arcos.
Os cajados de Pablito fazem o milagre de nao notarmos a forte subida até Villamayor de Monjardín, onde encontro meu amigo peregrino no albergue paroquial. A irma dele está um pouco atrás. Ele se adianta e marcamos para nos encontrar em Los Arcos. O alberque paroquial é atendido por duas voluntárias alemas, Marta e Elizabeth. Tomamos café com bolacha maria e deixamos donativos.
Na saída terminamos nos afastando do Caminho tradicional e pegando uma variante que nos leva a Urbiola, o que nos aumentou em um ou dois quilômetros o percurso. A prometida chuva começa fininha e vai engrossando, obrigando o uso de poncho. O caminho fica pesado e minha amiga peregrina tem dificuldades para caminhar. Os doze quilômetros até Los Arcos parecem nao acabar nunca. Adiantei-e e encontrei o irmao dela no primeiro albergue de Los Arcos, com os tickets do albergue municipal, por volta das três da tarde. Foram oito horas de caminhada para vencer apenas 20 km.
Nos alojamos e nao encontramos mais restaurantes abertos. Mas em compensaçao reencontro a tortilla que é uma das comidas que mais gosto do Caminho. Coisa simples e boa: batata, ovos e azeite de oliva. Um espetinho e um copo de vinho aplacam a fome até a hora do jantar, que vai ser aqui mesmo no La Gargantúa, na Calle Santa Maria, ao lado da Igreja.
Volto ao albergue e atualizo as mensagens.
Quando a biblioteca do Centro Cultural de Los Arcos abre, uso gratuitamente o computador para fazer este post. Peregrino tem preferência. Mas os jovens dominam as máquinas.
Nao é a toa que o Caminho de Santiago é Itinerário Cultural Europeu.
Comentários
Helena, desde Americana-SP
Que coisa legal!
Essa é a magia do Caminho.
Um lugar de encontro de pessoas que ficam felizes com coisas assim.
Pablito tem um carinho especial pelos brasileiros. Nesse dia tinha, além da sua imagem de Nossa Senhora Aparecida, duas bandeiras do Brasil. A casa de Pablito vai se tornar um santuário do Caminho.
Ele está muito bem aos 77 anos, forte e sacudido.
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