R$2,00
Imagine como seria uma cidade grande, uma metrópole, que a cada dia que Deus dá tem apenas R$2,00 para atender cada um dos seus habitantes com as necessidades básicas (saúde, saneamento, educação, transporte, segurança etc), sem contar o custeio da máquina.
Seria uma coisa horrorosa.
Seria é é, pois essa cidade existe, fica no Brasil, aqui no Estado do Pará, e tem nome comprido: Santa Maria de Belém do Grão-Pará. Orgulhosa, autoproclamou-se em tempos passados a Metrópole da Amazônia (tem quem pense ser outra coisa, como um dia saiu no 5ª Emenda).
Essa informação aterrorizante é pública e de todos sabida. Inclusive dos Prefeitos, ex-Prefeitos e candidatos a. Ela resulta da divisão da receita pública total do Município de Belém (R$1.042.000,00) pela população (1.400.000 habitantes) e pela quantidade de dias do ano (365 dias). Simples assim.
Apesar de pública, essa informação é, digamos assim, esquecida na hora de apresentar os programas - de governo e de televisão - dos candidatos a Prefeito de Belém. Como todos dizem que é possível fazer tudo o que prometem - e mais alguma coisa - com esses dois reais por dia por pessoa, deve ser exagero meu achar que não dá para fazer nada. Ou quase nada.
Claro que não serve de consolo, mas quem se der ao trabalho de ler o anuário Multicidades vai ver que há uma outra - e só uma - capital da Amazônia em situação pior do que Belém: Macapá.
E para piorar as coisas, em todas as demais cidades da Região Metropolitana de Belém a situação é bem pior, pois suas receitas públicas por habitante são bem menores. Isso significa que esses outros Municípios têm menos capacidade ainda de atender as necessidades básicas de seus habitantes, que pela proximidade e força de atração terminam sobrecarregando os já precários serviços públicos prestados pelo - ou no - Município de Belém.
Agora, aterrorizante mesmo é saber que a projeção de crescimento da receita pública do Município de Belém é descasada - como está na moda dizer - com a do aumento da população. Trocando em miúdos: se a população de Belém crescer mais rápido que sua receita pública, o caos é certo e tem data marcada para acontecer. No transporte e no trânsito é para daqui a dois anos.
Como não podemos votar com os pés - mudando para outra cidade - a solução é mudar a situação da cidade, o que não vai ser fácil, inclusive porque essa informação essencial é escondida, sonegada do grande público e dos eleitores, que simplesmente não conhecem o problema. Se não conhecem, é como se ele não existisse.
Quem quer resolver um problema, tem que começar sabendo que ele existe.
Como sou daqueles que não pode votar com os pés, dou minha contribuição para a solução do problema apontando-o aqui. Pela segunda vez. E correndo o risco de chatear e parecer um desmancha-prazeres.
E, claro, deixando este canto da blogosfera disponível para receber contribuições para a solução dessa mãe de todos os problemas da mui leal e valerosa cidade de Santa Maria de Belém do Grão-Pará.
Ah, sim. Ainda tem tempo para as candidatas e os candidatos a Prefeito de Belém explicarem aos eleitores em seus programas na televisão como vão fazer para resolver esse problemão, já que os outros probleminhas serão todos resolvidos, qualquer que seja o eleito ou a eleita.
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