As Palavras Viajantes da Imerys

José Joaquim Gomes Canotilho é um constitucionalista coimbrão muito respeitado em Portugal e no Brasil. Assisti uma conferência dele em 1992, em Belo Horizonte, no Congresso Nacional dos Advogados, quando discorreu longamente sobre as "palavras viajantes", que ponho entre aspas porque é assim que está no seu livro Direito Constitucional. Ele referia-se aos novos "paradigmas", novos "saberes" e novos "direitos". As aspas continuam sendo dele.
Sábado passado, fui deixar Arion Sayão Romita no Aeroporto. Ele tinha vindo a Belém para um Seminário na Escola da Magistratura da Justiça do Trabalho e para a posse da nova Diretoria da Academia Nacional de Direito de Trabalho. Ele é um respeitado jurista carioca, aparentado de Bidu Sayão. É também especialista em línguas neolatinas.
Lá pelas tantas a conversa enveredou pelas palavras viajantes, mas com outro sentido, mais para mutantes do que para viajantes. Lembrou que em latim cavalo é equus e que caballus era a palavra que designava o pangaré. Com o tempo o pangaré foi promovido e no português cavalo é cavalo bom, de raça. Lembrou também que a palavra ministro vem de minister, que designava o servente, o doméstico, o escravo, enfim. Mas sempre um subordinado, um ajudante, um auxiliar. Também foi promovido quando passou para o português.
Agora é a vez da Imerys, a nossa francesinha - quem nasceu para Vila do Conde jamais chegará Armação de Búzios e cada uma tem a francesinha que merece - fazer as palavras viajarem. Assim, no início desta semana ficamos todos sabendo pelos jornais que pode haver transbordamento sem vazamento.
E vice-versa, claro.

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