Ministério Público do Trabalho concilia com a Vale
Esta notícia está no portal do Tribunal Regional do Trabalho da Oitava Região (Pará e Amapá): 20/07/2010;21h41 - Vale fecha acordo de mais de 20 milhões na Justiça do Trabalho |
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O acordo celebrado após quase 12 horas ininterruptas de negociações garante pagamento a trabalhadores e implementação de projetos sociais na região de Parauapebas. As negociações ocorreram no Projeto Conciliar da Justiça do Trabalho do Pará e Amapá, entre a empresa Vale SA e o Ministério Público do Trabalho. A Ação Civil Pública, movida pelo MPT e iniciada em 2008, gerou uma condenação à empresa, pela 1º Vara do Trabalho de Parauapebas, de R$ 300 milhões, em março deste ano, por divergências quanto à contagem de horas de trabalho de funcionários, em Carajás, no Pará. Pelo acordo, a empresa ficará responsável por: Promover o deslocamento do controle de ponto para o Setor do Transporte Leve, na Mina N4. Implantar o controle de ponto da Mina do Sossego na Rodoviária/Administrativo e, e em relação à mina do Manganês, o controle de ponto será implantado na portaria da mina. Realizará o pagamento de 44 (quarenta e quatro) minutos diários do Núcleo Urbano de Carajás ao setor do Transporte Leve, na Mina N4; 80 (oitenta) minutos diários do Núcleo Urbano à portaria da mina do Manganês do Azul; 54 (cinquenta e quatro) minutos diários da Vila Planalto à Rodoviária/Administrativo da mina do Sossego. Estes valores são retroativos aos últimos 42 meses, de acordo com o número de meses que cada empregado tenha trabalhado. A vale comprometeu-se, ainda, a orientar as empresas por ela contratadas, atuais e futuras, no sentido de incluir nas planilhas de custos os patamares equivalentes à presente negociação. Para a sociedade da região, a Vale entregará uma unidade do Instituto Federal do Pará – IFPA em Parauapebas, para ministrar os cursos de mecânica e eletroeletrônica. O investimento inclui construção e a compra de equipamentos e materiais, com data de conclusão fixada para março de 2012. A empresa também deverá implantar, até março de 2011, o projeto Escola Modelo, consistente em curso do primeiro ano do ensino médio, com 160 (cento e sessenta) bolsas de estudo durante 5(cinco) anos, sendo 80(oitenta) vagas em Parauapebas, 40(quarenta) vagas em Canaã dos Carajás e 40(quarenta) vagas em Ourilândia do Norte. E, até fevereiro de 2012, a entrega do Centro Cultural em Parauapebas, com teatro e foyer, com capacidade para 200(duzentas) pessoas, 2(dois) camarins individuais, 2(dois) camarins coletivos para 40(quarenta) pessoas, sala de dança, sala de música, sala áudio-visual, biblioteca com acervo de 2(dois) mil títulos. Todos estes investimentos sociais atingirão o piso mínimo de R$26.000.000,00(vinte e seis milhões de reais), que poderão ser complementados com outras ações sociais, se necessário. Segundo o representante dos trabalhadores, Raimundo Alves Amorin, o 'Macarrão', presidente do Sindicato METABASE-Carajás, “o acordo corresponde a um avanço significativo. Vai corresponder a mais de 3% do salário base. Também acaba com uma briga antiga e que atrapalha as negociações do acordo coletivo regional (vencido em 1º de julho e prorrogado até final de agosto)”. O acordo ocorreu no Projeto Conciliar e foi mediada pelo presidente do Tribunal do Trabalho do Pará e Amapá, desembargadora Francisca Formigosa, e pelo juiz Jônatas Andrade, titular da 1ª Vara Trabalhista de Parauapebas. Para a desembargadora Francisca Formigosa, “o que interessa para a Justiça do Trabalho é respeitar os direitos trabalhistas sem deixar de garantir a empregabilidade da população da região”. As bases do acordo vêm sendo costuradas desde a semana passada quando, na sexta-feira (16), a desembargadora presidente do TRT8, juízes trabalhistas, servidores, procuradores do trabalho, representantes da empresa e dos trabalhadores fizeram uma visita técnica à Serra de Carajás. O percurso incluiu todo o trajeto feito pelos trabalhadores passando pela portaria da Floresta Nacional dos Carajás, núcleo urbano, rodoviária do núcleo, portaria da empresa, setor de transporte leve, centro de controle operacional e mina. Para a desembargadora Francisca Formigosa, a visita técnica “proporcionou um olhar diferenciado sobre o conflito descrito nos autos do processo”. Segundo 'Macarrão', ver uma equipe do Tribunal em visita ao local de trabalho “foi uma novidade muito positiva. Bom seria visitar todas as minas. A sensação é de que, agora, a Justiça está nos ouvindo (os trabalhadores)”. Para Rafael Grassi Ferreira – gerente geral jurídico trabalhista da Vale este foi um acordo satisfatório. “Atingimos um acordo difícil e que tem o grande mérito de trazer a paz social entre capital e trabalho na região de Parauapebas”. “Fico muito feliz com a solução do conflito. Mas ela ainda vai exigir desdobramentos. Entretanto, após a conciliação com a empresa principal, a tendência é de que as outras empresas sigam o mesmo exemplo”, declarou o juiz Jônatas Andrade. |
Comentários
No final das contas, só quem vai sair perdendo são os advogados de lá mesmo, que era já que PEBAS é encarada como um verdadeiro Eldorado para os advogados de reclamantes (e de reclamadas também, com seus contratos de partido) pois a maioria esmagadora das reclamações versa sobre as horas in itinere... Basta ver a imensa quantidade de escritórios de advocacia que se espalham pela cidade...
Todas as audiências e recursos que eu fiz de lá sempre discutiam essa matéria, ainda que algumas reclamações contivessem pedidos de diferenças de rescisão e nulidades de justas causas...
Mas os advogados de lá que é procurem outras teses! Viva a pacificação dos conflitos! É preciso um freio para a política do "lucro pelo lucro" que certas empresas pregam, principalmente as maiores... Algo TEM que ser revertido para a comunidade! Eu já até havia conversado em uma oportunidade com o Dr. Jônatas lá em Parauapebas e ele se mostrou um ferrenho opositor dessa política predatória e desumana onde empresas só pensam no mercado ou na bolsa de valores e não nas comunidades onde elas exploram sua atividade econômica e não cumprem função social alguma...
O resultado está ai, com os benefícios que a comunidade de Parauapebas ganhará, após seu rico solo ter sido (e que ainda continuará sendo) explorado pela VALE e suas terceirizadas...
Parabéns ao Tribunal, ao Dr. Jônatas, ao MPT e a VALE... Esta, sem sombra de dúvidas foi a melhor resolução para não só esse, mas para milhares de processos... É essa a essência e o objeto do processo coletivo... É esse o objetivo do magistrado trabalhista, não só julgar, mas buscar a melhor maneira de pacificação dos conflitos, que sem dúvida, foi a escolhida por todas as partes envolvidas... Isso é ser juiz do trabalho!