Notícias da Costa Rica: San José
É uma estranha sensaçao estar em um país da Centroamérica que nao tem forças armadas e tem apenas 4% de analfabetos (já foi menos).
Sei, sei. A Suíça também nao tem, faz da neutralidade seu melhor negócio - entre tantos bons negócios que faz - e tudo o que produziu de importante para o mundo foi o relógio cuco.
Costa Rica produz coloridíssimas carretas de boi - reais e em miniaturas - flores, um excelente café orgânico, eletrônicos e.. borboletas! E um Prêmio Nobel da Paz.
Nao é pouco.
Saiba mais sobre o país consultando quem dele entende, a CIA.
Passando pela Guatemala pude ver e sentir o que é um país mal saído da guerra civil e que, também por isso, ainda gasta 65% de seu orçamento com as suas forças armadas. E uma ninharia com educaçao.
Daqui ainda dá para sentir o estrondo das guerras civis que devastaram os vizinhos (Guatemala, El Salvador e Nicarágua). O rastro de pobreza e destruiçao espalhou refugiados para todos os lados. Costa Rica recebeu muitos deles. E paga um preço alto por isso.
Dos que fugiram para os Estados Unidos, por quaisquer que tenham sido as razoes, inclusive as piores, nem sempre conseguem arrumar a vida. Apanhados nas redadas da polícia americana, sao deportados, separando famílias e violando direitos humanos fundamentais. De volta aos seus países, recompoem os bandos que haviam formado e prestam serviços para as máfias mexicanas e colombianas. Tem fama de ferocidade que ultrapassa as fronteiras. Costa Rica fica espremida entre esses exércitos e faz força para manter seu padrao de vida. Nao é fácil. Mas se vira e faz o possível.
San José - e, de resto, o país todo - é americanalhada demais para o meu sensível gosto. A poluiçao visual dos luminosos e neons de cadeias norte-americanas faz da capital uma cidade vulgar e sem graça. Nao tem aquele ar colonial que dá charme e personalidade às cidades da América Espanhola. Os terremotos condicionaram as construçoes (usa-se muita madeira e chapas de zinco). Nao tem arranha-céus em San José (cerca de 350.000 habitantes ou um milhao e meio se incluirmos as cidades dormitórios do entorno). O maior edifício, do Banco Nacional, deve ter uns vinte andares. Mas a paisagem - ela fica no Vale Central - compensa, com nuvens ou sol.
Parece que Oscar Arias - doutorado em Ciência Política pela Universidade de Essex, Inglaterra, aos trinta anos de idade - corre o risco de ser confrontado com ele mesmo e nisso sair perdendo (Perón fez o mesmo e se deu mal). É que na primeira vez que ocupou a Presidência era vital para o país conseguir a paz nos países vizinhos, projeto de todos os Presidentes costariquenhos. Coube a ele concluir com sucesso esse processo e assim habilitar-se, com merecimento, ao Nobel da Paz. Também merecidamente, passou pela OEA. Voltou agora à Presidência para conduzir um processo de aproximaçao com os Estados Unidos e de adesao ao NAFTA. O problema é que o NAFTA é bom para os que, como ele, sao grandes proprietários de terra e vivem do agronegócio, e daí nasce a suspeita de que ele advoga em causa própria. A classe média média rosna porque teve perdas e agora roça na pobreza. Os pobres continuam onde sempre estiveram. Uma classe média alta reduzida descolou e ascendeu, rompendo um padrao que no passado manteve as desigualdades sociais em níveis aceitáveis, para os padroes latinoamericanos. Aqui também tem emergentes.
Por essas e por tantas outras parece que o Presidente corre o risco de perder para o Prêmio Nobel da Paz.
Sei, sei. A Suíça também nao tem, faz da neutralidade seu melhor negócio - entre tantos bons negócios que faz - e tudo o que produziu de importante para o mundo foi o relógio cuco.
Costa Rica produz coloridíssimas carretas de boi - reais e em miniaturas - flores, um excelente café orgânico, eletrônicos e.. borboletas! E um Prêmio Nobel da Paz.
Nao é pouco.
Saiba mais sobre o país consultando quem dele entende, a CIA.
Passando pela Guatemala pude ver e sentir o que é um país mal saído da guerra civil e que, também por isso, ainda gasta 65% de seu orçamento com as suas forças armadas. E uma ninharia com educaçao.
Daqui ainda dá para sentir o estrondo das guerras civis que devastaram os vizinhos (Guatemala, El Salvador e Nicarágua). O rastro de pobreza e destruiçao espalhou refugiados para todos os lados. Costa Rica recebeu muitos deles. E paga um preço alto por isso.
Dos que fugiram para os Estados Unidos, por quaisquer que tenham sido as razoes, inclusive as piores, nem sempre conseguem arrumar a vida. Apanhados nas redadas da polícia americana, sao deportados, separando famílias e violando direitos humanos fundamentais. De volta aos seus países, recompoem os bandos que haviam formado e prestam serviços para as máfias mexicanas e colombianas. Tem fama de ferocidade que ultrapassa as fronteiras. Costa Rica fica espremida entre esses exércitos e faz força para manter seu padrao de vida. Nao é fácil. Mas se vira e faz o possível.
San José - e, de resto, o país todo - é americanalhada demais para o meu sensível gosto. A poluiçao visual dos luminosos e neons de cadeias norte-americanas faz da capital uma cidade vulgar e sem graça. Nao tem aquele ar colonial que dá charme e personalidade às cidades da América Espanhola. Os terremotos condicionaram as construçoes (usa-se muita madeira e chapas de zinco). Nao tem arranha-céus em San José (cerca de 350.000 habitantes ou um milhao e meio se incluirmos as cidades dormitórios do entorno). O maior edifício, do Banco Nacional, deve ter uns vinte andares. Mas a paisagem - ela fica no Vale Central - compensa, com nuvens ou sol.
Parece que Oscar Arias - doutorado em Ciência Política pela Universidade de Essex, Inglaterra, aos trinta anos de idade - corre o risco de ser confrontado com ele mesmo e nisso sair perdendo (Perón fez o mesmo e se deu mal). É que na primeira vez que ocupou a Presidência era vital para o país conseguir a paz nos países vizinhos, projeto de todos os Presidentes costariquenhos. Coube a ele concluir com sucesso esse processo e assim habilitar-se, com merecimento, ao Nobel da Paz. Também merecidamente, passou pela OEA. Voltou agora à Presidência para conduzir um processo de aproximaçao com os Estados Unidos e de adesao ao NAFTA. O problema é que o NAFTA é bom para os que, como ele, sao grandes proprietários de terra e vivem do agronegócio, e daí nasce a suspeita de que ele advoga em causa própria. A classe média média rosna porque teve perdas e agora roça na pobreza. Os pobres continuam onde sempre estiveram. Uma classe média alta reduzida descolou e ascendeu, rompendo um padrao que no passado manteve as desigualdades sociais em níveis aceitáveis, para os padroes latinoamericanos. Aqui também tem emergentes.
Por essas e por tantas outras parece que o Presidente corre o risco de perder para o Prêmio Nobel da Paz.
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