Noticias da Guatemala: Livingston
Doctor Livingstone, I presume?
Nada a ver com a frase famosa de Henry Stanley.
Livingston e' o nome dado a uma cidade caribenha da Guatemala em homenagem um legislador norte-americano cujo sistema penal se pretendeu adotar na Guatemala. Homenagem merecida. Pelo menos foi o que entendeu o governo da epoca. Mas poderia ser tambem Nigeria, em homenagem a terra natal dos escravos que deram origem ao lugar.
Livingston e' um mundo a parte. Seus habitantes sao garifunas (http://www.garifuna.com/index._espa%F1ol.htm) e sua epopeia merece ser contada.
Tudo comecou em 1635, quando dois barcos espanhois carregados de escravos nigerianos naufragou na costa de San Vicente e alguns deles nadaram ate' a praia e foram salvos pelos indios caribes. Desse encontro nasceu uma relacao algo tormentosa, mas ao cabo de seculo e meio de convivencia as duas culturas acabaram completamente fundidas, dando origem aos garinagus, caribes negros, de cultura garifuna.
No Seculo XVIII foram perseguidos pelos britanicos, que nesse tempo nao aceitavam a existencia de uma comunidade de negros livres em seus dominios (o que fizeram depois no Seculo XIX sao outras quinhentas libras). Foram derrotados quando seu chefe foi morto em um duelo por um soldado britanico, durante uma encarnicada batalha, em 1796. No ano seguinte os britanicos deportaram 2.000 garinagus para a ilha de Roatan, em Honduras, com viveres para apenas tres meses. Muitos morreram e os que sobreviveram prosperaram, por assim dizer.
Ja no Seculo XIX tiveram a ideia de ficar ao lado dos republicanos hondurenhos e foram outra vez derrotados e perseguidos (pelos monarquistas). Escaparam para o Norte e assim vieram dar com os costados na Guatemala, na atual Livingston (e no atual Belize, que entao pertencia a Guatemala).
Dessa trepidante historia nasceu uma gente simpatica, alegre, trilingue (espanhol, ingles e um dialeto africano) e, em uma palavra, garifuna.
O gingado malemolente e' velho conhecido nosso. O dugu deita raizes no mesmo panteao dos nossos orixas. Aos tambores agregaram uma carapaca de tartaruga e dela extraem um som maneiro. E criaram o punta rock(http://www.youtube.com/watch?v=N2-CL-1LoRo) brother.
Vivem da pesca, do turismo e do que seus parentes que imigraram para os Estados Unidos mandam. Seus pratos tipicos - a base de peixe, camarao, lagosta, siri, caracol e outros bichos do mar - levam leite de coco e banana. Seus restaurantes levam nomes como Happy Fish e Tiburon Gato. Fazem uma bebida afrodisiaca chamada gifiti (com aguardente de cana, palo de hombre grande, anis, canela, cravo e sabe la mais o que), agora rara porque o arbusto que usam como ingrediente quase foi exterminado por um incendio florestal.
Isso e Livingston, um incrivel naco da Nigeria incrustado no Mundo Maia.
Agora, boniteza mesmo e' navegar pelo canyon do Rio Dulce e pelo Golfete, ate' o Lago de Izabal, onde corsarios ingleses pilhavam barcos espanhois, para honra e gloria da Coroa Britanica.
E assim regressamos ao fascinante Mundo Maia
Nada a ver com a frase famosa de Henry Stanley.
Livingston e' o nome dado a uma cidade caribenha da Guatemala em homenagem um legislador norte-americano cujo sistema penal se pretendeu adotar na Guatemala. Homenagem merecida. Pelo menos foi o que entendeu o governo da epoca. Mas poderia ser tambem Nigeria, em homenagem a terra natal dos escravos que deram origem ao lugar.
Livingston e' um mundo a parte. Seus habitantes sao garifunas (http://www.garifuna.com/index._espa%F1ol.htm) e sua epopeia merece ser contada.
Tudo comecou em 1635, quando dois barcos espanhois carregados de escravos nigerianos naufragou na costa de San Vicente e alguns deles nadaram ate' a praia e foram salvos pelos indios caribes. Desse encontro nasceu uma relacao algo tormentosa, mas ao cabo de seculo e meio de convivencia as duas culturas acabaram completamente fundidas, dando origem aos garinagus, caribes negros, de cultura garifuna.
No Seculo XVIII foram perseguidos pelos britanicos, que nesse tempo nao aceitavam a existencia de uma comunidade de negros livres em seus dominios (o que fizeram depois no Seculo XIX sao outras quinhentas libras). Foram derrotados quando seu chefe foi morto em um duelo por um soldado britanico, durante uma encarnicada batalha, em 1796. No ano seguinte os britanicos deportaram 2.000 garinagus para a ilha de Roatan, em Honduras, com viveres para apenas tres meses. Muitos morreram e os que sobreviveram prosperaram, por assim dizer.
Ja no Seculo XIX tiveram a ideia de ficar ao lado dos republicanos hondurenhos e foram outra vez derrotados e perseguidos (pelos monarquistas). Escaparam para o Norte e assim vieram dar com os costados na Guatemala, na atual Livingston (e no atual Belize, que entao pertencia a Guatemala).
Dessa trepidante historia nasceu uma gente simpatica, alegre, trilingue (espanhol, ingles e um dialeto africano) e, em uma palavra, garifuna.
O gingado malemolente e' velho conhecido nosso. O dugu deita raizes no mesmo panteao dos nossos orixas. Aos tambores agregaram uma carapaca de tartaruga e dela extraem um som maneiro. E criaram o punta rock(http://www.youtube.com/watch?v=N2-CL-1LoRo) brother.
Vivem da pesca, do turismo e do que seus parentes que imigraram para os Estados Unidos mandam. Seus pratos tipicos - a base de peixe, camarao, lagosta, siri, caracol e outros bichos do mar - levam leite de coco e banana. Seus restaurantes levam nomes como Happy Fish e Tiburon Gato. Fazem uma bebida afrodisiaca chamada gifiti (com aguardente de cana, palo de hombre grande, anis, canela, cravo e sabe la mais o que), agora rara porque o arbusto que usam como ingrediente quase foi exterminado por um incendio florestal.
Isso e Livingston, um incrivel naco da Nigeria incrustado no Mundo Maia.
Agora, boniteza mesmo e' navegar pelo canyon do Rio Dulce e pelo Golfete, ate' o Lago de Izabal, onde corsarios ingleses pilhavam barcos espanhois, para honra e gloria da Coroa Britanica.
E assim regressamos ao fascinante Mundo Maia
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