Remanso

Quer conhecer um potente roteiro gastronômico que começa em Belém e termina em Madri?
Então dê uma passada aqui no Blog do Marcelo Katsuki, hospedado na Folha Online.
Ele se derrama em elogios à gastronomia paraense e incensa o Remanso do Peixe e seu cheff, Thiago Castanho. Thiago é filho da Carmen e do Francisco, fundadores do Remanso do Peixe. Francisco é capixaba que chegou por estas bandas para trabalhar na ALBRAS, mas largou o alumínio para fazer moquecas, com panelas capixabas legítimas. Carmen, esposa de Francisco, aposentou - era bancária - e os dois fizeram da casa da família um restaurante. Quando começou, suas crianças eram seus auxiliares nos sábados e domingos, uns minigarçons simpaticíssimos, Thiago inclusive. A comida era boa e o restaurante escondido no final de uma vila na Barão do Triunfo. Ele caiu no gosto dos jornalistas noctívagos e as notinhas que começaram aparecer nos jornais denunciaram o esconderijo da boa mesa. O restaurante foi crescendo até engolir a casa inteira. A família teve que se mudar para a esquina, onde agora tem também a infra-estrutura do restaurante, que continua no mesmo lugarzinho - agora lugarzão - de sempre.
Thiago foi crescendo junto com restaurante e buscou os largos horizontes da gastronomia, dando com os costados em São Paulo e Espanha. Era, na verdade, um reencontro.
Explico.
A avó de Carmen era Felipa Alonso, uma espanhola de Zamora, que um dia do final do Século XIX partiu com o pai e duas tias do porto de Vigo. O destino era o porto de Belém. Mas o destino final mesmo era a Colônia Agrícola Benjamin Constant, em Bragança, o ponto mais extremo da então futura - e agora extinta - Estrada de Ferro de Bragança. Thiago, portanto, tem a gastronomia no seu DNA, pois a poderosa gastronomia espanhola deixa marcas por onde passam os participantes dessa diáspora. Thiago é a síntese de três poderosas gastronomias: a paraense, a capixaba (do pai) e a espanhola (da bisavó).
Mês que vem vou voltar à Espanha, para fazer de novo o Caminho de Santiago, agora pela rota aragonesa. Quando terminar, vou passar por Zamora em busca dos rastros de Felipa Alonso, minha avó. Isso mesmo: Carmen é minha prima. E o Remanso do Peixe, Thiago, Francisco e Carmen merecem mesmo os elogios que lhes fez Marcelo Katsuki.

Comentários

Maravilha de texto, caro. Sou cliente assíduo do Remanso desde que funcionava na sala da casa da D. Carmam e do Seu Francisco.
Abraço.
Este comentário foi removido pelo autor.
JOSE MARIA disse…
Meu caro Francisco,

Muito obrigado pela leitura e pelo comentário.

Abraços do

Alencar
JOSE MARIA disse…
Luiz Santos tem toda razão: Francisco nunca foi e não é capixaba, mas sempre foi - e é - um excelente cozinheiro, um ótimo restauranteur e melhor pai, pois graças e ele é Carmen temos bem aqui na nossa ilharga dois excelentes chefs e dois restaurantes da melhor qualidade.

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