Paris não é aqui
Como a resposta ao comentário do Lafayette ficou grande, resolvi publicar como post.
Meu caro Lafayette.
1 Obrigado pela leitura e comentário.
Meu caro Lafayette.
1 Obrigado pela leitura e comentário.
2 Você é quase um francês com sua Mel. Até alguns anos atrás os parisienses - que são doidos por cães - empestavam as ruas da cidade com caca dos lulus. O Governo Municipal - lá tem - reagiu atuado em duas pontas: limpando e multando. Para limpar, umas motocicletas (scooter) com um aspirador acionado pelo próprio motor (o operador nem descia do selim para aspirar os montinhos). Para multar, um exército de fiscais, não necessariamente bem-humorados. O resultado foi uma lafayetização das madames e cavalheiros, que passaram a circular com seus lulus igualzinho a você (lulu na frente, madame atrás com luva descartável e saquinho plástico). A cidade agradeceu e nem por isso os prefeitos deixaram de ser eleitos regularmente.
3 O atual prefeito está encasquetando com o transporte individual na parte central de Paris. Ele quer afastar os automóveis e favorecer o uso das bicicletas. É uma briga das boas. Mas ele - que é gay assumido - topou e parece que vai ganhar mais essa parada. A cidade, outra vez, vai agradecer. Afinal, a Etoile - aquela infernal rotatória em torno do Arco do Triunfo - é a pior esquina da Europa.
4 Tempos houve em que nossos intendentes freqüentavam Paris e na volta imitavam-na. Agora estamos imitando - sem precisar visitar - Lagos, capital da Nigéria. E vai piorar, segundo as previsões mais otimistas de alguns urbanistas com quem vez por outra converso.
Comentários
Usando do mesmo método que você usou nos posts "A mãe de todos os problemas de Belém", I e II, sugiro que pesquisemos qual a relação receita/habitante de Paris. Ou, por outra, que comparemos os valores de investimento per capita em educação do povo francês. Não sei dos valores, mas tenho certeza que ficaríamos desesperados com a diferença.
Não quero ser pessimista, mas acredito que nunca moraremos em uma Paris, nem nunca seremos como parisienses. Nem que um novo boom econômico nos favoreça, como na Era da Borracha.
É que os problemas arraigados na capital são insolúveis no transcorrer das próximas gerações, a começar pela nossa classe de representantes políticos. Não quero repetir o discurso melífluo e arrogante de que a população é que tem culpa pela situação do país, por eleger governantes que mais parecem meliantes, mas não se pode deixar de lamentar os votos dados a um sujeito que até processo penal por falsificação de diploma tinha nas costas - e que, recorde-se, só escapou da condenação pelo advento da prescrição.
Mas o pessimismo não nos pode fazer desanimar, nem esquecer de nossa responsabilidade para com as gerações vindouras. Precisamos continuar tentando contribuir para a melhoria de Belém, como bem faz o Lafayette.
Que é um ciclo, a gente já sabe: emprego-saúde-educação-família estruturada-boa educação familiar-cidadão pleno, por aí vai.
Mas, é que, pelo menos, poderíamos fazer um pouco a nossa parte.
Vou dar 2 exemplos (que poderiam ser 2 mil):
a) Esquina da Padre Prudência com a Riachuelo: Tem uma obra numa casa que já fez 2x aniversário. Ali, a calçada é mínima, então o dono da obra, não satisfeito colocou um tapume na beira, assim, o povo tem andar um 4 metros pelo asfalto (que também não é largo). O tapume impede a visão de quem vem descendo de carro pela Padre Prudência, ao ponto de ter que colocar metade do carro pra ver, aí já viu... ou melhor, NINGUÉM viu! Nem as autoridades! Vocês podem dizer: -Denuncie. Adianta? Ou ainda, precisa?
b) Quando teremos no governo municipal alguém com vontade, coragem, **lhão, ou o que quer que seja, para abrir as ruas à margem do rio, na Pedro Álvares Cabral? Começando pelo absurdo que é a situação da empresa do Cipriano Sabino!
Como desse assunto não entendo nada, vou ali, fazendo o meu dever de casa.
1 Obrigado pela leitura e pelo comentário.
2 Se perdemos para Palmas e outras cidades amazônicas em termos de receita pública total per capita, a comparação com Paris seria mesmo humilhante.
3 Os últimos acontecimentos sugerem que, finalmente, estamos chegando no fundo do poço e, o que é melhor, a classe média esclarecida e letrada - nós, amigos - começa a dar sinais de reação.
4 Começando assim, como fazemos nós aqui, podemos gradualmente formar massa crítica para engrossar o caldo e encontrar caminhos que nos desviem da tragédia certa, com ou sem aquecimento global.
5 A superação de uma sociedade civil primitiva e gelatinosa depende de nós mesmos. Compreendo que ações como a sua, do Lafayette e do Yúdice podem reverter, ainda que a longuíssimo prazo, a decadência que agora parece ser nosso destino inevitável.
O que acontece em Belém nesse momento é fruto disto. Duciomar Costa representa um fenômeno político vazio, criado pelo PSDB-PFL exclusivamente para destituir o PT da administração de Belém. Vencida às eleições, mantiveram distância prudente, aguardando que o próprio Judas pusesse o pescoço no cadafalso. E, a tempo, o fez, a semelhança do que antes havia ocorrido com outro populista de igual gênero, o governador Carlos Santos.
Agora, chegam os arautos da moralidade pública, que sustentaram a estratégia de eleger-se o atual prefeito, anunciando a boa nova: impeachment, já!
Tendo por resultado a posse do vice-prefeito e a possibilidade de ganharem fôlego com a reeleição. Se pormos na ponta do lápis, é isto, hoje, o que o PFL-PSDB têm de chance para se manterem na política paraense com alguma eficácia.
Não se iludam. Esse movimento não é da classe média. Antes a põe na dianteira apenas para alcançar o objetivo de quem está na retaguarda. Manobra pura, de quem sabe fazer política de trincheira. De espantar é o PT e o Psol não terem entendido a jogada e aceitarem posar de sereno nessa festa pobre do PFL-PSDB.
Uma corrigenda: a cidade está sem Vice-Prefeito (o que era agora é Deputado Estadual).
O substituto do Prefeito é, atualmente, o Presidente da Câmara, aquele que tem nome engraçado.
O anônimo das 10:58 realmente mandou muito bem. Sua percepção do processo atual de "fritagem" do prefeito é corretíssima. Só que, como antes disse, não podemos nos deixar abater. Se os partidos de oposição do município não fazem sua parte, nós temos que fazer.
Acredito em duas vertentes de atuação: uma, que eu chamaria de micro-política, é muito bem representada pelas atitudes exemplares do Lafayette, demonstradas no post; a outra, de maior alcance, digamos assim, é representada pela crítica contundente da opinião pública, em qualquer meio midiático.
Antes, a resposta dos cidadãos insatisfeitos e o esperneio só vinham a longo prazo, fosse pela demanda judicial, fosse nas eleições. Agora, com a interatividade dos meios de comunicação - da qual os blogs são um exemplo perfeito e de maior alcance do que imaginamos - temos a oportunidade de construir a crítica, demonstrar a insatisfação e manter permanente debate sobre os assuntos que interessam aos cidadãos em tempo real.
Esta interação da comunidade, por meio principalmente da internet, ainda alcança poucos. Mas, inegavelmente, já é uma realidade, que tende inexoravelmente a crescer.
2 Como um post daqui foi publicado no Quinta Emenda, por generosidade do seu titular Juvênco Arruda, e ali suscitou uma enxurrada de comentários, pude aferir o potencial desta mídia, veículo ideal para mobilização da classe média esclarecida e letrada. Que já está aprendendo a fazer micro-política por essa via, como diz Francisco.
3 A classe média costuma bater bumbo por suas causas, boas ou nem tanto. Aqui em Belém, mais que bater bumbo está na hora - quase passando até - de tirar a surdina do trompete e pôr as coisas em ordem, como acontece nas melhores gafieiras, na forma estatutária (com os créditos para Billy Blanco).
como bom e rude sertanejo ainda (ainda? E desde quando tive alguma afinidade?) tenho problemas com tecnologia. Só não sou dedógrafo, isso não - aprendi dactilographia aos 9 anos e chego a mais de 200 toques por minuto, herança do prof. João Sariema. Mas, antes que me perca, se Paris não é aí, então mudou-se para cá, meu rincão de ricões. Repare só: casa de farra é cabaret, boite; a cafetina é madame, rodar bolsinha é trottoir... Suicidaram o pecado e fiquei a CVRD! Infelizmente ninguém sequer recorda Christopher.
Um abraço
Ademir Braz