Ai de ti, Belém!
Enquanto publicava aqui dois posts comparando alguns dados estatísticos do Pará e do Amazonas, os jornais de Belém rodavam suas edições com outros dados sobre o Produto Interno Bruto (PIB) per capita das capitais brasileiras, tabulados pelo novo IDESP velho de guerra.
Como o que já está ruim sempre pode piorar, neste caso foi isso mesmo o que ocorreu.
Enquanto Manaus tem o o sétimo maior PIB per capita dentre as capitais brasileiras (R$20.894,00), Belém tem o quarto pior (R$9.793,00), o que aprofunda a assimetria entre as duas capitais amazônicas.
Já mostrei aqui que Belém tem uma das menores receitas públicas per capita dentre as capitais amazônicas (mais ou menos dois reais por dia por habitante para o governo municipal nos atender com saúde, educação, saneamento, coleta de lixo, transporte e, por último mas não menos importante, marketing). Com esse raquítico PIB per capita só algum poderoso fator econômico contrarrestante - um forte e avançado setor industrial, por exemplo - poderia reverter o quadro e produzir uma alta receita pública per capita.
A verdade é que Belém é uma capital falida e, como acontece com muitas senhoras falidas, não perde nunca a pose, não admite isso e, assim, fica sempre adiando essa constatação. Sem perceber que está falida, nunca iniciará sua recuperação, como fizeram Nova Iorque e Bogotá, que quebraram e deram a volta por cima. Talvez agora, com essa aproximação do governo do Pará com o da Califórnia, que também faliu, quem sabe a quase quatrocentona senhora não caia na real.
E não é fácil perceber a falência porque a dura realidade é sempre cuidadosamente retocada e bem escondida sob montanhas de marketing, público e privado, e a desigualdade social e econômica sempre permite que alguns, formadores de opinião, tenhamos excelentes habitáculos, sejam eles automóveis, casas, apartamentos, escritórios, shoppings ou supermercados bem protegidos desse horrível mundo exterior, com o qual nós, de uma privilegiada classe média urbana, temos pouco contato, a não ser pelos jornais e pela TV.
Ai de ti, Belém!
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