Bate-Boca (2)
A matéria abaixo, de Rodrigo Haidar, detalha a discussão.
Ministros voltam a discutir em sessão do Supremo
Por Rodrigo Haidar
Os ministros Joaquim Barbosa e Gilmar Mendes protagonizaram nesta
quarta-feira (22/4) mais um bate-boca acalorado na sessão plenária do
Supremo Tribunal Federal. Mendes insinuou que Barbosa guiaria suas decisões
de acordo com as classes sociais envolvidas na ação. Barbosa reagiu, e disse
que Mendes está “destruindo a Justiça desse país”.
O que dividiu os ministros foi o julgamento de duas ações. O ministro
Joaquim Barbosa se posicionou de uma forma no julgamento da primeira questão
e de forma diferente no julgamento da outra. Segundo o presidente do
Supremo, a questão era a mesma. E isso evidenciava que Barbosa estaria
votando de acordo com a classe social dos envolvidos.
O clima ficou pesado. Diante da justificativa de Joaquim Barbosa, Mendes
disse:
Gilmar Mendes — Se Vossa Excelência julga por classe, esse é um argumento...
Joaquim Barbosa — Eu sou atento às conseqüências da minha decisão, das
minhas decisões. Só isso.
Mendes — Vossa Excelência não tem condições de dar lição a ninguém.
Barbosa — E nem Vossa Excelência. Vossa Excelência me respeite, Vossa
Excelência não tem condição alguma. Vossa Excelência está destruindo a
Justiça desse país e vem agora dar lição de moral em mim? Saia à rua,
ministro Gilmar. Saia à rua, faz o que eu faço.
O ministro Carlos Britto tentou, em vão, conter a discussão. “Ministro
Joaquim, nós já superamos essa discussão com o meu pedido de vista”, disse
Britto. Mas Joaquim Barbosa continuou.
Barbosa — Vossa Excelência não tem nenhuma condição.
Mendes — Eu estou na rua, ministro Joaquim.
Barbosa — Vossa Excelência não está na rua não. Vossa Excelência está na
mídia, destruindo a credibilidade do Judiciário brasileiro. É isso. Vossa
Excelência quando se dirige a mim não está falando com os seus capangas do
Mato Grosso, ministro Gilmar. Respeite.
Mendes — Ministro Joaquim, Vossa Excelência me respeite.
Foi a vez de o ministro Marco Aurélio intervir. “Presidente, vamos encerrar
a sessão? Eu creio que a discussão está descambando para um campo que não se
coaduna com a liturgia do Supremo”, defendeu Marco. Barbosa concordou, mas
voltou à carga.
Barbosa — Também acho. Falei. Fiz uma intervenção normal, regular. Reação
brutal, como sempre, veio de Vossa Excelência.
Mendes — Não. Vossa Excelência disse que eu faltei aos fatos e não é
verdade.
Barbosa — Não disse, não disse isso.
Mendes — Vossa Excelência sabe bem que não se faz aqui nenhum relatório
distorcido.
Barbosa — Não disse. O áudio está aí. Eu simplesmente chamei a atenção da
Corte para as consequências da decisão e Vossa Excelência veio com a sua
tradicional gentileza e lhaneza.
Mendes — É Vossa Excelência que dá lição de lhaneza ao Tribunal. Está
encerrada a sessão.
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